Fundos multimercados seguem com rentabilidade abaixo do CDI, refletindo crise desse setor. Expectativas para 2025 ainda são incertas. Saques em fluxo podem ultrapassar recursos disponíveis. Desmonte de fundos vai além de estratégias de crédito.
Em meio a crise financeira, muitos investidores brasileiros estão se deslocando de fundos exclusivos para fundos multimercados, que oferecem maior flexibilidade em sua estrutura de investimento. Esse movimento é justificado pela redução de come-cotas em alguns fundos exclusivos.
De acordo com dados da Anbima, os fundos multimercados registraram uma sangria de R$ 324 bilhões de janeiro a novembro de 2024. Isso se deve, em grande parte, ao desmonte de fundos exclusivos que passaram a cobrar come-cotas, o que torna-os menos atraentes para os investidores. Nesse contexto, os gestores de fundos multimercados estão vendo seus ativos serem parcialmente descontados, como resultado da crise financeira global.
Desmonte dos Fundos Multimercados: Uma Crise em Marcha
Um levantamento do BTG Pactual, ao qual o NeoFeed teve acesso, revela que a onda de saques nos fundos multimercados não se limita apenas aos recursos desses ativos. De fato, o fluxo de capital para esses fundos ‘puro sangue’ não considera aqueles exclusivos ou que adotam estratégias de crédito, mas recebem a mesma classificação. A conclusão não deixa dúvidas: a crise dos multimercados está em pleno andamento, com os resgates somando R$ 100 bilhões em 2024, superando os R$ 60 bilhões do ano anterior. Desde 2022, as retiradas dos fundos analisados como multimercados ‘puro sangue’ já totalizam R$ 180 bilhões.
A Crise dos Multimercados: Uma Analise mais Aprofundada
A pergunta que se coloca é: quando essa sangria vai parar? E o que explica essa debandada dos investidores rumo a outros ativos? Uma das razões está no desempenho dos multimercados, que não cumprem o seu papel de diversificação na carteira há três anos. A performance ruim dos fundos, combinada com a falta de diversificação, leva os investidores a buscar alternativas mais seguras.
A Performance dos Fundos Multimercados: Um Desempenho Fraco
Um levantamento da Elos Ayta Consultoria mostrou que apenas 34% dos fundos multimercado ficaram acima do CDI no ano de 2023. Em 2024, até novembro, esse número subiu um pouco, para 42% acima do benchmark. Esses números são preocupantes, pois indicam que a maioria dos fundos multimercado não cumpre o seu papel de diversificação na carteira.
Crise dos Fundos Multimercados: Uma Tributação Inadequada
A tributação dos fundos multimercados também é uma questão importante. A perda de liquidez nos fundos, combinada com a tributação inadequada, pode levar os investidores a buscar alternativas mais seguras. Ainda que a crise dos multimercados seja complexa, é claro que os fundos devem ser mais transparentes em relação às suas estratégias e desempenho.
Um Futuro Incerto para os Fundos Multimercados
É importante lembrar que a indústria dos fundos multimercados viveu um grande boom entre 2012 e 2019, com o crescimento das plataformas digitais e a democratização dos investimentos. No entanto, à medida que a taxa de juros foi caindo e chegou a 2% em 2020, os investidores tomaram mais risco. Mas, à medida que o Brasil voltou à taxa média anual de juros de dois dígitos, o investidor foi saindo do risco.
O Futuro dos Fundos Multimercados: Uma Questão de Risco e Retorno
Os investidores mais sofisticados, que seguraram a posição em seus altos e baixos até este ano, olharam a relação risco-retorno dos últimos 36 meses e avaliaram que não compensava ficar alocado nessa estratégia. O que se espera é um retorno de CDI+3% no longo prazo para esse risco. O Itaú Fund of Funds fez um filtro para ver qual é, de fato, um multimercado ‘puro sangue’, e analisou quais (dos 102 fundos na lista) nos últimos cinco anos teve um retorno de CDI +3%. Em 2019 e 2020, 57% e 42%, respectivamente, entregaram essa rentabilidade. Em 2021 e 2022, apenas 22% e 16% respectivamente. E em 2023 e 2024, menos de 10% conseguiram esse resultado desejado.
Crise dos Fundos Multimercados: Uma Questão de Seleção
Sem dúvida estamos vivendo um momento de crise da indústria, que ‘inchou’ muito nos últimos anos. E agora vive-se um processo de seleção de quem realmente está apto para lidar com as adversidades e entregar valor para o cliente, afirma Rodrigo Giordano, superintendente da área de fund of funds do Itaú. A crise dos multimercados é complexa e multifacetada, mas é claro que os fundos devem ser mais transparentes em relação às suas estratégias e desempenho.
Fonte: @ NEO FEED
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