Estudo com mais de 4 mil idosos mostrou que dor crônica em condições articulares está combinada com sintomas depressivos e prejuízos na função executiva e memória global.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), revelou que os idosos que enfrentam depressão e dor nas articulações apresentam um declínio cognitivo mais rápido, em especial no que diz respeito à memória. Esse estudo contribuiu significativamente para entender melhor como o sofrimento de depressão pode afetar a saúde mental e física das pessoas idosas.
Os pesquisadores identificaram que os participantes do estudo que apresentavam depressão e dor moderada ou intensa nas articulações mostravam um declínio no domínio cognitivo da memória. Esse estudo é fundamental para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento eficazes para as pessoas idosas que enfrentam esses problemas de saúde. Além disso, reconhece a importância de uma abordagem integral na atenção à saúde mental e física, considerando a interconexão entre os diversos aspectos da saúde humana.
Declínio cognitivo acentuado pela combinação de dor e depressão
Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da University College London, no Reino Unido, descobriram que o declínio cognitivo é mais acentuado em indivíduos que apresentam dor crônica e sintomas de depressão ao mesmo tempo. Essa condição pode levar a um declínio cognitivo mais acelerado, especialmente na memória e na função executiva.
Conclusões baseadas em 12 anos de acompanhamento
O estudo, que acompanhou 4.718 participantes com 50 anos ou mais de idade durante 12 anos, revelou que a combinação de dor e depressão afeta significativamente as funções cognitivas do cérebro. Isso ocorre porque tanto a dor quanto os sintomas de depressão atuam em áreas do cérebro relacionadas à cognição, como o hipocampo, causando uma sobrecarga de informações que dificulta a formação da memória e o desempenho cognitivo global.
Declínio cognitivo mais acelerado em indivíduos com dor e depressão
Os resultados do estudo mostraram que os indivíduos que apresentavam dor crônica e sintomas de depressão ao mesmo tempo tiveram um declínio da memória e da cognição global mais rápido ao longo dos 12 anos de acompanhamento do que aqueles que não tinham nenhuma das duas condições. Isso foi surpreendente para os pesquisadores, que esperavam que o declínio cognitivo fosse maior apenas nos indivíduos com sintomas depressivos associados à dor crônica articular.
Importância da função executiva e da memória
Os autores do estudo destacaram a importância da função executiva e da memória em geral, que podem ser afetadas pela combinação de dor e depressão. A função executiva é responsável por processos cognitivos que envolvem a tomada de decisão e o planejamento, enquanto a memória é essencial para armazenar e recuperar informações. A perda dessas funções pode ter consequências significativas para a qualidade de vida das pessoas.
Estudos longitudinais e seus desafios
O estudo foi parte do International Collaboration of Longitudinal Studies of Ageing (InterCoLAgeing), um consórcio internacional de estudos longitudinais sobre envelhecimento. Os pesquisadores destacaram os desafios de realizar estudos longitudinais, como a necessidade de acompanhar os participantes por longos períodos de tempo e coletar dados de alta qualidade. No entanto, os benefícios desses estudos são significativos, pois permitem uma compreensão mais profunda das condições relacionadas à idade e ao envelhecimento.
Fonte: @ Veja Abril
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