Saída israelense do Líbano em 2000 deixou um governo fraco, permitindo que o Hezbollah, apoiado pelo Irã, se estabelecesse no sul do país, após anos de ocupação israelense e conflitos étnico-religiosos.
O início da ofensiva militar de Israel contra o Hezbollah no Líbano na madrugada desta terça-feira (1/10) trouxe à tona o histórico de conflitos e invasões no país nas últimas décadas. A tensão entre as duas partes é uma constante na região.
A Hezbollah, uma organização política e militar, tem sido um dos principais alvos das ações militares israelenses no Líbano. Considerada uma milícia por muitos, a organização tem uma grande influência política no país e é um partido político importante no cenário libanês. A situação é delicada e pode ter consequências graves para a região. A comunidade internacional está atenta aos desenvolvimentos do conflito e busca uma solução pacífica para o impasse.
O Nascimento do Hezbollah
A ocupação israelense no início da década de 1980 é considerada um momento crucial para entender a origem da organização Hezbollah, que é o alvo da operação israelense de 2024. O surgimento do Hezbollah está relacionado às incursões israelenses no Líbano em 1978 e 1982, durante a guerra civil, quando um grupo de muçulmanos xiitas influenciados pelo Irã pegou em armas para deter a ocupação. O governo iraniano e a Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) forneceram financiamento e treinamento à milícia emergente, que passou a adotar o nome Hezbollah, que significa ‘partido de Deus’ em árabe.
A Ascensão do Hezbollah
Após a retirada de Israel em 2000, o Hezbollah resistiu à pressão para se desarmar e continuou a se fortalecer, tornando-se a força militar mais poderosa da nação árabe. O grupo também ganhou gradualmente influência no sistema político do Líbano e tem hoje poder de veto no Executivo do país. O partido político Hezbollah se tornou uma força dominante na política libanesa, com uma presença significativa no Parlamento e no governo.
A Guerra Civil Libanesa
O pano de fundo do surgimento do Hezbollah e da ocupação israelense foi a guerra civil libanesa, que eclodiu em 1975 em meio a conflitos étnico-religiosos que ocorriam desde que a região estava sob controle do Império Otomano (séculos XIV-XX). Muitos especialistas apontam o descontentamento latente em relação à grande presença armada palestina no sul do país como o grande fator determinante na deflagração do conflito interno. A ocupação israelense sobre a quase totalidade do território palestino obrigou um imenso contingente populacional a buscar refúgio nos países vizinhos.
A Organização para a Libertação da Palestina
Milhares de palestinos migraram para o sul do Líbano, onde passaram a viver em situação precária. No contexto dos conflitos entre árabes e israelenses pela posse do território palestino, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderada por Yasser Arafat, se instalou no sul do Líbano. Os ataques palestinos e Israel se intensificaram durante a década de 1970, com disputas na fronteira e ataques militares israelenses contra alvos no Líbano. As várias facções que compunham a OLP naquele momento foram responsáveis por diversos ataques terroristas contra alvos israelenses e outros ao redor do mundo.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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