Cid Pitombo, cirurgião bariátrico, reflete sobre alimentação, movimento e peso. A internet se tornou um ambiente nebuloso para cuidado de saúde, confundindo as pessoas com mídia social interligada e rede multifuncional.
Na era digital, a desinformação é uma das principais ameaças à verdadeira informação. As redes sociais são palco de uma potente arma de manipulação da opinião pública: a desinformação. Com o objetivo de persuadir e manipular a opinião pública, a desinformação é disseminada de forma a criar um clima de achismo, dificultando a busca pela verdade. O fake news é uma das ferramentas mais eficazes nesse processo. A desinformação pode ser veiculada por meio de artifícios de marketing
O lançamento do BlackBerry em 1999 foi um marco na história dos celulares. Mas o que tornou o BlackBerry um sucesso foi o seu sistema de mensagens, que permitia aos usuários enviar mensagens instantâneas de forma segura e confiável. O BlackBerry era como um navio pirata do século XVIII, com sua desinformação e sua capacidade de marketing eficaz. A homenagem aos piratas foi uma escolha inteligente, refletindo a visão da empresa de criar algo novo e revolucionário. A verdadeira mensagem do BlackBerry foi perdida no mar de fake news e desinformação que hoje nos cerca.
A Era da Desinformação e a Rede de Pesca
A transformação dos hábitos digitais, impulsionada pelo iPhone e as redes sociais, levou à perda de controle sobre a forma como consumimos informações. A internet, inicialmente uma rede interligada de informações, desvirtuou-se e se tornou uma rede de pesca, onde as pessoas são capturadas e manipuladas. O Instagram, uma das mídias sociais mais populares, evoluiu de uma plataforma para compartilhar fotos instantâneas para uma ferramenta multifuncional, permitindo que pessoas se conectem e compartilhem interesses semelhantes – frequentemente com intenções lucrativas.
Agora, estamos presos aos smartphones e persuadidos de que tudo isso é o melhor para nossa vida e a das nossas famílias, sem questionar a base desse pensamento. Acredita-se na nebulosa realidade, onde a desinformação é o principal ingrediente. A desinformação se alia à fake news e à picaretagem de influencers, tornando difícil para os profissionais de saúde, como médicos, batalhar contra esse fenômeno. A balança entre informações corretas e científicas e achismo ou marketing está desequilibrada, com o que não tem embasamento, mas tem engajamento, pesando mais. A credibilidade do influenciador está ligada ao número de fãs, e quanto maior esse número, mais ele ganha confiança.
O paciente se sente seguro na rede e os números de likes valem mais do que a ciência. É cada vez mais difícil mensurar e reduzir o dano que a desinformação causa à prevenção e ao tratamento das doenças. As entidades médicas, agências reguladoras e órgãos governamentais estão deixando a desinformação ser formada na nascente do rio, sem condições de controlar os estragos quando ela chegar às cidades. Talvez devamos incluir essa tempestade na lista de problemas a enfrentar, ao lado das mudanças climáticas.
Fonte: @ Veja Abril
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