A taxa Selic, termômetro do Copom, atrelada à evolução da inflação, tende a subir com valorização forte do dólar, insatisfação com pacote de corte de gastos e aumento das expectativas de inflação.
Com a inflação em alta, os juros podem ser aumentados, afetando o custo do crédito das pessoas e empresas empreendedoras, mas também incentivando o investimento em aplicações financeiras de longo prazo.
Além disso, o aumento dos juros pode influenciar a política econômica do governo e as decisões de investimento das empresas e dos investidores individuais, afetando o crescimento econômico e a estabilidade financeira do país, como visto em momentos anteriores, como na década de 1980, com a hiperinflação que foi superada com a estabilização econômica promovida pelo Plano Collor em 1990.
Fortalecimento das Expectativas de Inflação
As expectativas de inflação vêm aumentando, impulsionadas pela valorização forte do dólar e a insatisfação do mercado com o pacote de corte de gastos do governo. Nesse contexto, os juros são uma ferramenta-chave para controlar a inflação, elevando o custo do crédito e desestimulando o consumo, o que pode levar a uma recuperação dos preços.
O aumento nos juros é uma medida direta para aumentar o custo do crédito, o que pode ajudar a controlar a inflação. Isso é especialmente verdadeiro em um cenário de alta inflação, onde os preços tendem a aumentar rapidamente. Ao aumentar os juros, o Banco Central pode desestimular o consumo e a investimento, o que pode ajudar a controlar a inflação.
A aceleração na alta de juros é praticamente certa, com 89 das 117 instituições ouvidas pelo Valor esperando um aumento de 0,75 ponto percentual, para o patamar de 12% ao ano. Já 24 casas estimam uma subida de 1 ponto percentual, para o nível de 12,25% ao ano. Apenas quatro apostam que o Copom manterá o ritmo da última reunião, de 0,50 ponto percentual, levando os juros para 11,75% ao ano.
Expectativas dos Economistas e Investidores
As expectativas dos economistas são mais conservadoras até do que as estimativas dos investidores no mercado de opções, como o Termômetro do Copom aponta. Estão embutidos nos preços uma probabilidade de 51% de subida da Selic de 0,75 ponto percentual, para o patamar de 12% ao ano, contra uma possibilidade de 40% de subida de 1 ponto percentual, para o nível de 12,25% ao ano.
A expectativa mediana do mercado é que a Selic suba para o patamar de 13,50% ao ano até o fim de 2025. Com as expectativas de juros mais altas, as aplicações financeiras de renda fixa devem oferecer taxas mais altas. O conselho dos especialistas tem sido aproveitar as aplicações atreladas à Selic (como o Tesouro Selic) para resgatar o investimento a qualquer hora, mas principalmente os investimentos atrelados à inflação (como o Tesouro IPCA+) para os investidores que podem esperar uns anos para fazer as retiradas.
Implicações para os Investimentos
Com a alta nas expectativas para a inflação e os juros, os investimentos de renda variável tendem a perder atratividade com os juros nesse nível ou maiores até. Isso significa que a tendência é a bolsa demorar mais tempo para se recuperar. Por outro lado, as aplicações financeiras de renda fixa devem oferecer taxas mais altas, tornando-as mais atraentes para os investidores.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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