Analistas americanos consideram preocupações locais sobre preços exagerados, taxa de referência, ciclo de aumento e curva de juros.
A inflação no Brasil continua a ser um desafio, e por isso o Banco Central (BC) deve adotar uma abordagem mais cautelosa ao ajustar a taxa Selic, elevando-a para 12% em janeiro de 2025. Essa é a previsão de Ezequiel Aguirre e Christian Gonzalez Rojas, estrategistas do Bank of America (BofA) para a América Latina, que consideram as preocupações do mercado local quanto ao nível dos preços exageradas.
No entanto, é importante notar que a inflação ainda é um fator crítico a ser considerado, e o BC deve manter uma postura vigilante para evitar que os juros se tornem excessivamente altos e afetem negativamente a economia. Além disso, a taxa Selic deve ser ajustada de forma a equilibrar a necessidade de controlar a inflação com a necessidade de estimular o crescimento econômico. A inflação é um desafio contínuo que exige uma abordagem cuidadosa e estratégica para ser superado.
Previsão de Inflação no Brasil
Os especialistas do BofA, Aguirre e Rojas, acreditam que o Brasil terá um aumento na taxa de referência de 0,50 ponto percentual em novembro, seguido de outro aumento de 0,50 ponto em dezembro e um último aumento de 0,25 ponto em janeiro, resultando em uma taxa Selic de 12% até lá. No entanto, o mercado está precificando uma taxa Selic mais alta, atingindo 12,75% a 13% em junho de 2025.
Análise da Inflação no Brasil
Aguirre e Rojas argumentam que o Brasil tem um problema de inflação menor do que o mercado pensa. Eles acreditam que o ciclo de aumento da Selic iniciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em setembro será bem-sucedido em trazer a inflação à meta de 3%. No entanto, o mercado não está precificando isso, estimando uma Selic mais alta e cortes em torno de apenas 0,5 ponto na segunda metade de 2025.
Preços e Juros no Brasil
Aguirre e Rojas analisaram os oito ciclos de aperto monetário no Brasil desde 1999 e destacaram que o aumento dos juros nunca ocorreu com uma inflação tão baixa quanto a taxa atual. Além disso, a taxa de juros real está acima de 6% e é uma das maiores dentro dos períodos analisados. Isso aumenta a probabilidade de gerar desinflação sem exigir muitas altas de juros.
Curva de Juros e Preços
Os profissionais do BofA entendem que a curva de juros brasileira apresenta níveis mais elevados do que o valor justo, considerando os fatores macroeconômicos. Eles também entendem que a curvatura atual é inadequada, com a parte intermediária da curva mais alta do que deveria em comparação com os juros de curto e longo prazos.
Posição Aplicada no DI de 2029
Aguirre e Rojas mantêm a posição aplicada (que aposta na queda das taxas) do BofA nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2029. A operação foi aberta em junho passado, quando a taxa do DI janeiro de 2029 estava em 11,94%, bem abaixo dos cerca de 12,40% da sessão desta terça-feira. A meta da operação é 11,00% e tem nível de ‘stop’ de 12,50%.
Risco à Operação
O maior risco à operação, segundo os estrategistas, é se o déficit fiscal do Brasil piorar e levar a um ‘ciclo vicioso de depreciação do real e inflação importada mais alta’, o que poderia obrigar o Copom a subir ainda mais os juros.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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