Aprovação do marco legal do hidrogênio verde abre espaço para investimentos bilionários em mais de 60 projetos, incluindo o Complexo do Pecém no Ceará, maior hub de produção de e-metanol, hidrogênio, energia renovável, amônia e combustível sustentável.
O Brasil esteve à frente na corrida do hidrogênio verde, com a sanção da Lei 14.948, que estabeleceu o marco legal para o hidrogênio verde (H2V), acelerando a descarbonização dos setores produtivos.
A Lei 14.948/25, conhecida como o Marco Legal do Hidrogênio Verde, é uma conquista significativa para o Brasil, pois visa impulsionar o desenvolvimento da economia verde e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Com o marco legal do hidrogênio verde, o país se coloca como um dos principais jogadores em termos de produção de hidrogênio verde, que é considerado uma fonte de energia limpa e renovável. A produção de hidrogênio verde pode ser feita a partir de fontes renováveis, como a energia solar e eólica, o que reduz a dependência do petróleo e do gás natural. Com isso, o Brasil pode se tornar um exportador de hidrogênio verde, gerando receita e criando empregos.
Desafios e Oportunidades no Hidrogênio Verde
O hidrogênio está se destacando como uma das principais opções para reduzir as emissões de carbono em setores como caminhões, aviões e siderúrgicas. Além disso, ele desempenha um papel fundamental na fabricação de fertilizantes e produtos químicos. Com o objetivo de impulsionar esses esforços, o governo brasileiro está disponibilizando incentivos fiscais de R$ 18,5 bilhões até 2032, o que deve atrair investimentos e reduzir custos de produção. Esse apelo tem o potencial de impulsionar mais de 60 projetos de hidrogênio verde, com um valor total de R$ 188,7 bilhões, conforme estimativa da Confederação Nacional da Indústria.
A perspectiva é promissora, pois a utilização do hidrogênio verde pode gerar um impacto de R$ 7 trilhões no Produto Interno Bruto (PIB) nacional até 2050, desde que o Brasil atenda a apenas 4% da demanda internacional. Essa é apenas uma pequena parte do potencial brasileiro. A Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV) calcula que as investidas diretas e indiretas em hidrogênio verde causarão um impacto de R$ 7 trilhões no PIB nacional até 2050.
A corrida pelo hidrogênio verde está em andamento, e a mineradora australiana Fortescue saiu na frente. No início de outubro, o Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE) autorizou a primeira instalação de uma planta de hidrogênio verde, da Fortescue, no complexo portuário e industrial do Pecém, no Ceará, que se destaca como o maior hub de H2V do País, concentrando 40 projetos potenciais.
O pré-contrato assinado pela Fortescue prevê investimentos de R$ 20 bilhões para a construção de uma das maiores plantas de hidrogênio verde do mundo no Pecém, com uso de 1,2 gigawatt (GW) de energia renovável para produzir 900 mil toneladas de amônia verde ao ano. A expectativa é que a planta seja inaugurada entre 2028 e 2029, com produção inicialmente voltada para exportação, levando em conta a demanda do mercado europeu, com mandato, metas e pressão para descarbonizar sua atividade produtiva.
Oportunidades para o Brasil
Acreditamos que a oportunidade oferecida pelo mercado interno é muito maior em agregar valor ao produto. Além da energia renovável de excelente qualidade e custo competitivo, que pode fazer escala, há sinergia com outros produtos nacionais. O Brasil importa 90% dos fertilizantes que utiliza no agronegócio, e com hidrogênio verde, podemos fazer amônia verde e fertilizantes nitrogenados.
Além disso, a produção de SAF (combustível sustentável de aviação) e combustível para o setor marítimo tem potencial. A Fortescue já está em diálogo com a indústria de briquete de ferro, essencial para descarbonizar a siderurgia. O Brasil pode se tornar um líder na produção de hidrogênio verde, aproveitando a sua vantagem competitiva em energia renovável.
E-metanol no pipeline
Além da Fortescue, outros projetos de hidrogênio verde estão em estágio adiantado e voltados para diferentes fins. A European Energy formalizou parceria com o governo de Pernambuco para construir a primeira fábrica de e-metanol no Brasil, que deve ser inaugurada em 2025. Esse projeto pode se tornar uma das principais opções para reduzir as emissões de carbono no transporte.
Fonte: @ NEO FEED
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