Escândalo de tráfico de órgãos nos anos 2000 envolveu o Tribunal de Justiça, Ministério Público e o Sistema Único de Saúde.
Na última quarta-feira (25), o Superior Tribunal de Justiça decidiu negar o pedido de habeas corpus dos médicos José Luiz Gomes da Silva e José Luiz Bonfitto, que estão envolvidos no Caso Pavesi. Eles foram detidos há uma semana e são acusados de participar da retirada ilegal de órgãos do menino Paulo Veronesi Pavesi, de apenas 10 anos, em Poços de Caldas, Minas Gerais, em 2000.
A decisão do Superior Tribunal de Justiça é um passo importante na busca por justiça no Caso Pavesi, que envolve a suspeita de tráfico de órgãos e a retirada ilegal de órgãos do menino Paulo Veronesi Pavesi. A investigação aponta que os médicos podem ter realizado a retirada dos órgãos sem a devida autorização e sem seguir os procedimentos legais para a doação de órgãos. A decisão do tribunal é um lembrete de que a justiça deve ser feita e que os responsáveis por crimes como esse devem ser punidos. A verdade deve ser revelada e a justiça deve ser feita.
O Caso Pavesi: Uma História de Tráfico de Órgãos
O Ministério Público divulgou informações sobre o caso, explicando que José Luiz Bonfitto, de 68 anos, estava sendo levado para a polícia no dia 16 de setembro, quando a decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais foi divulgada. Ele havia cruzado o sinal vermelho de um cruzamento e, ao constatarem a identidade do homem, os guardas o levaram para a delegacia. Já José Luiz Gomes da Silva se apresentou às autoridades no dia seguinte.
Além de Bonfitto e Gomes da Silva, outros médicos também foram condenados. Em abril de 2023, Álvaro Ianhez teve a prisão decretada, mas, em agosto deste ano, ele conseguiu o benefício da prisão domiciliar. Paulo Veronesi Pavesi tinha apenas 10 anos quando se tornou vítima de negligência médica e teve seus órgãos retirados ilegalmente.
A Condenação dos Médicos
Anteriormente, Sérgio Poli Gaspar, Celso Roberto Frasson Scafi e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes foram condenados em primeira instância, em 2014. Dois anos depois, entretanto, a sentença foi anulada após o TJMG entender que o caso deveria ter sido julgado por um júri popular. Apenas em 2021, a Primeira Turma do STF restaurou a sentença original que condenou os três médicos. Dos cinco profissionais acusados, apenas Marcos Alexandre Pacheco da Fonseca foi absolvido pelo júri.
O Caso Pavesi: Uma História de Tráfico de Órgãos
O caso Pavesi, que completa 24 anos, ainda reverbera como uma das mais chocantes histórias envolvendo tráfico de órgãos no Brasil. No dia 19 de abril de 2000, Paulo Veronesi Pavesi sofreu uma queda no playground do prédio onde morava. Segundo o Ministério Público, a criança foi vítima de negligência médica durante uma cirurgia, o que resultou em seu encaminhamento para a Santa Casa de Poços de Caldas, onde seus órgãos foram retirados ilegalmente. A doação de órgãos foi baseada em um diagnóstico de morte encefálica que, conforme apurado nas investigações, teria sido forjado pelos profissionais de saúde envolvidos.
A Luta por Justiça
O pai do menino, Paulo Airton Pavesi, começou a desconfiar das circunstâncias após receber uma conta hospitalar no valor de R$ 11.668,62. Ele notou inconsistências nas cobranças, incluindo medicamentos relacionados à remoção de órgãos, algo que deveria ser custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O pai decidiu investigar por conta própria e reuniu provas que indicavam irregularidades. Temendo por sua segurança, Paulo Pavesi deixou o Brasil em 2008. Em 2014, ele publicou um livro de 400 páginas intitulado ‘Tráfico de Órgãos no Brasil – O que a máfia não quer que você saiba’, que narra sua luta por justiça e as complexidades do Caso Pavesi.
Fonte: @ Hugo Gloss
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