Em Cemitério Campo Grande, no bloco 18, torcedores do Corinthians fazem parte da comunidade. Restos mortais de um rapper são enterrados ao lado, símbolo do time na zona sul da capital.
Em 25 de janeiro de 2000, o rapper Sabotage foi prematuramente levado para o “ossário” localizado no Cemitério Campo Grande, zona sul da capital paulista, em um local onde outros corintianos encontram descanso eterno, todos eles identificados pelo símbolo do time. O dia do sepultamento foi um aniversário importante da cidade de São Paulo, com São Paulo celebrando mais um ano de existência. No local, a família do rapper tem manutenção realizada por um rimador, e teve uma relação próxima com Sabotage. Seu tio foi o primeiro DJ do rapper.
Os fãs de Sabotage, ao visitar o cemitério, podem refletir sobre a vida do rapper e do papel que a sabotagem teve em sua carreira. Alguns podem considerar que a sabotagem foi uma força que o motivou a seguir em frente, enquanto outros podem ver nela uma possível explicação para o fim prematuro da vida do rapper. Um fato é que a sabotagem é uma palavra que pode ser associada a muitas situações, não sendo necessariamente sabotador o responsável pelo fim de tudo.
Legados que se fundem
Em uma atmosfera única, onde o respeito pela música se mistura com a reverência pela morte, Luiz Gustavo Aparecido da Silva, conhecido como Elli Gee, um jovem de 25 anos, acumula experiências que o aproximam de dois mundos que, em primeira vista, parecem distantes: o da música e o da manutenção de cemitérios. Trabalhando como supervisor na manutenção do Cemitério Campo Grande, ele descobriu um segredo fascinante: o rapper Sabotage, um ídolo da música brasileira, está enterrado entre os corintianos, todos com o símbolo do Corinthians nas placas de identificação no muro do bloco 18.
Um legado musical e uma coincidência futebolística
A coincidência é dupla, pois Elli Gee, além de ser um fã de Sabotage, é também um rapper, conhecido pelo seu estilo único e pelas letras que falam sobre a realidade das periferias. Sua história com a música começa cedo, graças ao tio e ao pai, que foram parceiros de Sabotage, antes mesmo do rapper se lançar como uma figura pública conhecida por seu cabelo espetado e pelo seu impacto no cenário musical nacional. O próprio Elli Gee conta que seu envolvimento com a música foi incentivado desde a infância, e que a música é uma forma de expressão que lhe permite falar sobre a realidade das pessoas que cresceram nas periferias, como ele.
O legado de Sabotage no Cemitério Campo Grande
A história de Elli Gee com o Cemitério Campo Grande começa há dois anos, quando ele foi contratado para trabalhar na manutenção do local. Ele não sabia que, entre os corintianos enterrados ali, estava o rapper Sabotage. Foi apenas quando ele os outros funcionários revelaram o segredo que Elli Gee decidiu ir ao túmulo de Sabotage e tirar uma foto para mandar para o seu tio e pai, que são também rappers. Ao chegar ao bloco 18, ele viu a placa no muro que dizia que era o local onde Sabotage estava enterrado.
Um legado que se conecta com a música e o futebol
A história de Elli Gee com o Cemitério Campo Grande é uma das muitas coincidências que conectam a música, o futebol e a vida. O rapper Sabotage, que homenageou o seu parceiro de anos atrás em um verso que muitas pessoas cantam errado, é um exemplo disso. O verdadeiro verso é ‘IA espera aí, o Helião citou do Cicatriz, irmãozinho na moral, na humilde, age no crime’. IA é o vulgo do rimador William Moreira Santana, do grupo Do Morro pro Asfalto. Ele é pai do rapper que trabalha no cemitério. Seu tio, Kanibal, ou Alex Moreira Santana, foi o primeiro DJ de Sabotage, no início dos anos 90 – dos quatro fundadores do grupo, só ele continua na ativa, agora rimando.
Um legado que une família e música
A história de Elli Gee com o Cemitério Campo Grande é também uma história de família. Ele é o neto de um dos fundadores do grupo Do Morro pro Asfalto, e seu tio e pai foram parceiros de música de Sabotage. Elli Gee conta que a família tem uma relação muito próxima com a música, e que a música é uma forma de expressão que lhe permite falar sobre a realidade das pessoas que cresceram nas periferias, como ele. Ele também conta que a música é uma forma de conectar-se com a sua família e com a sua comunidade.
Fonte: @ Terra
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