Garotos do Malawi produzem bolas improvisadas com materiais recicláveis para gerar renda no campo de refugiados Dzaleka.
Em uma rua de terra batida, retalhos de tecido e papel são cuidadosamente costurados em uma bola por mãos habilidosas. Um barbante colorido é utilizado para finalizar o trabalho, e uma agulha improvisada é usada para inflar a bola. Assim que está pronta, as crianças, que se dedicaram à confecção, prontamente começam a brincar com a bola pelas vielas da comunidade de refugiados Dzaleka, no Malawi, na África.
Enquanto a bola rola de uma criança para outra, a esfera colorida alegra o ambiente e traz um pouco de diversão para o cotidiano desafiador dos pequenos refugiados. A criatividade e a alegria se misturam na atmosfera empoeirada do campo de refugiados, onde a bola se torna um símbolo de esperança e união entre os moradores. A cada chute, a esfera representa um momento de descontração e leveza em meio às dificuldades enfrentadas diariamente.
Bola: Uma História de Criatividade e Esperança
A criatividade e as mãos habilidosas dos garotos revelam todo o potencial que uma simples esfera de futebol pode ter. O capricho no fina acabamento dessas bolas mostra o quanto elas são importantes para essas crianças do campo de refugiados Dzaleka. Mais do que um mero objeto de diversão, a bola se tornou um instrumento para realizar sonhos, especialmente o de se tornar jogador de futebol.
Essas pequenas esferas não são apenas brinquedos, mas também uma fonte de renda para essas crianças. Desde o início deste mês, eles estão produzindo bolas em maior quantidade, com o objetivo de vendê-las e assim melhorar suas realidades. A produção em massa foi incentivada por uma fotógrafa do Rio de Janeiro, que visitou o campo de refugiados em julho deste ano como voluntária da Fraternidade Sem Fronteiras.
Míriam Ramalho, ao observar a produção das bolas por esses garotos talentosos, encomendou duas delas como forma de reconhecer o trabalho e incentivar o potencial criativo que possuem. A surpresa dos garotos ao receberem o pedido e o justo valor de duas mil kwachas por cada bola foi evidente. Míriam elogiou o trabalho e pagou com uma nota de cinco mil kwachas, deixando os garotos radiantes.
A ideia de vender as bolas nas feiras locais para gerar renda aos garotos ganhou força entre outros voluntários presentes no Malawi. Todos se uniram para ajudar as crianças a começarem a empreender na produção das bolas, vislumbrando um futuro promissor para eles e suas famílias.
O diretor da Ubuntu Nation School, Evaldo José Palatinshy, organizou uma campanha para arrecadar recursos e dar início à fabricação das bolas para venda. A intenção é transformar essas simples esferas em uma fonte de receita significativa, buscando melhorar a qualidade das bolas com materiais recicláveis mais resistentes.
No campo de refugiados Dzaleka, a produção das bolas não é apenas um meio de renda, mas também uma forma de resgatar a esperança e o espírito empreendedor dessas crianças. O esporte, especialmente o futebol, está profundamente enraizado no dia a dia dessas pessoas que buscam refúgio neste campo. Os campeonatos locais e a escola que incentiva a prática esportiva são exemplos claros desse envolvimento com o esporte.
O Malawi, localizado no sudeste da África, ao lado de Moçambique, Zâmbia e Tanzânia, é o cenário onde essa bela história de superação e criatividade se desenrola. A produção das bolas e o esporte como parte integrante da vida no campo de refugiados Dzaleka são reflexos da resiliência e da determinação dessas pessoas em busca de um futuro melhor.
Fonte: © GE – Globo Esportes
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