Uma cantora foi morta a mando do Comando Vermelho em um conflito sobre venda de drogas na cidade do Mato.
O assassinato da cantora trans Santrosa, encontrada morta em Sinop (MT), deixou a família devastada, especialmente a mãe, Nilda Salete dos Santos. Ela revela que, após o crime, já não tem mais lágrimas para chorar, mas a dor persiste.
Nilda Salete dos Santos, mãe da cantora trans Santrosa, relata que a morte da filha foi o resultado de um crime que deixou marcas profundas em sua vida. A Polícia Civil de Mato Grosso descartou a motivação de transfobia, mas a família discorda. “A morte da minha filha foi um assassinato sem motivação justificável”, afirma Nilda Salete dos Santos, acrescentando que a vítima foi alvo de um crime cruel. “Santrosa não teve a chance de fugir da morte, e isso é um fato que não pode ser ignorado”, completa Nilda Salete dos Santos.
Família e amigos de Santrosa se unem em busca da justiça
A polícia está investigando a morte de Santrosa, uma jovem de 27 anos, que foi encontrada decapitada e com as mãos e pés amarrados. De acordo com a polícia, a principal linha de investigação é a de que ela foi morta a mando da facção criminosa Comando Vermelho por desavenças sobre a venda de drogas sintéticas. A facção teria recebido relatórios de que Santrosa estava vendendo drogas em uma determinada região e, em vez de parar, continuou com as atividades, o que levou ao seu assassinato.
A mãe de Santrosa, Salete, está se tornando uma voz em busca de justiça para a filha. ‘Não choro porque já chorei tudo que tinha’, diz Salete. ‘As pessoas vêm me dizendo que estou forte, mas a verdade é que eu sequei. Ela não suportava me ver chorando. Chorava junto comigo. Ela foi uma pessoa que preencheu todas as lacunas da minha vida.Sempre foi uma pessoa especial, muito carinhosa.’
Santrosa era uma cantora e costureira, conhecida por fazer suas próprias roupas para shows e competições. Ela competiu no Miss Gay Mato Grosso no mês de abril deste ano. A mãe lembra que Santrosa sempre pediu para ela fazer suas roupas e que ela se esforçava para criar peças incríveis para a filha. ‘Eu fiz num dia e meio o vestido com que ela competiu.Disse a ela que não gostava de fazer as coisas correndo, perguntei se tinha alguém para conseguir uma ajuda. Ela respondeu: ‘Mãe, eu não quero. Eu quero a roupa que a senhora faz’.Eu fiquei costurando até horas antes de ela viajar’, lembra Salete. A sexualidade de Santrosa, que foi candidata a vereadora nas eleições municipais de 2024 pelo PSDB, não era um problema para a mãe. ‘Eu sempre soube que ela tinha chegado na minha vida para ser minha alegria.Houve uma época que eu estava muito deprimida, passando por problemas, e ela chegava e falava: ‘Mãe, a senhora apareceu na minha vida para não deixar eu morrer’. E o que eu posso dizer sobre isso agora?’, questiona Salete.
O delegado responsável pelo caso, Braulio Junqueira, disse que a principal linha de investigação até o momento é a de que Santrosa foi morta a mando do Comando Vermelho por questões relacionadas a venda de drogas sintéticas.’O Comando Vermelho pegou ela lá atrás e mandou parar com essa venda, mas ela não parou, aí a pegaram e executaram dessa forma covarde.Foram na casa para localizar a droga. Não sabemos se a encontraram. Reviraram bastante a residência. Não temos dúvidas da motivação: foi por conta da venda de droga sintética’, disse Junqueira. Ele afirmou também que não foram identificados os autores do crime. Questionada se a cantora possuía antecedentes criminais, a polícia de Mato Grosso não respondeu.
A vítima mantinha um canal no YouTube, onde publicava clipes de suas músicas. O canal tem pouco mais de 4.000 inscritos e a última publicação é de um ano atrás. Na política, Santrosa tinha como bandeiras a defesa de pautas voltadas à transgênero, com a intenção de se tornar uma vereadora em Mato Grosso. Neste contexto, é preciso destacar que a morte de Santrosa trouxe à tona a necessidade de proteger as lideranças e ativistas LGBTQIA+, que muitas vezes enfrentam ameaças e violência de grupos criminosos.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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