O livro O Amante de Lady Chatterley gerou polêmica no Reino Unido, sendo considerado indecente pelas leis de publicações, mas acabou promovendo a obra entre a classe trabalhadora.
Em 1960, a publicação do romance O amante de Lady Chatterley foi proibida no Reino Unido por motivos de obscenidade. No entanto, a editora Penguin Books decidiu desafiar a Lei de Publicações Obscenas, imprimindo uma edição completa e sem censura do livro do escritor D.H. Lawrence, que causou grande impacto na sociedade britânica.
A decisão da editora Penguin Books foi vista como um desafio à Lei de Publicações Obscenas, que criminalizava a publicação de textos considerados indecentes e imorais. A edição completa e sem censura do livro foi um golpe direto contra a lei, tornando-se um local de discussão e debate em torno da obscenidade e da censura. Muitos argumentaram que a obra de D.H. Lawrence era licenciosa e proibida, mas outros defenderam seu direito de ser publicado e lido. A decisão da editora Penguin Books abriu um precedente importante na luta pela liberdade de expressão e contra a censura excessiva.
Lei e Moralidade em Conflito nos Anos Finais do Século XX
A publicação do livro O Amante de Lady Chatterley, uma obra de D.H. Lawrence, marcou um ponto de inflexão na história do conflito entre a lei e a moralidade em relação à obscenidade. Publicado originalmente na década de 1920, o livro foi proibido em vários países, incluindo os Estados Unidos, Austrália e Japão. Nesse contexto, o processo judicial movido contra a Penguin Books em 1960 foi um marco importante na luta pela liberdade de expressão e pela aceitação da literatura considerada obscena.
Confronto entre a Moralidade Estabelecida e a Visão Liberais da Literatura
Nos anos que antecederam o julgamento, a classe literária e editoras do Reino Unido estavam cada vez mais preocupadas com o número de livros que estavam sendo alvo de processo por obscenidade. Em uma tentativa de apaziguar estes temores, o Parlamento britânico apresentou uma nova Lei de Publicações Obscenas em 1959, que prometia ‘providenciar a proteção da literatura e fortalecer a lei relativa à pornografia’. Esta emenda forneceu uma defesa para qualquer pessoa acusada de publicar um ‘livro indecente‘, permitindo que argumentassem que uma obra deveria ser publicada se tivesse mérito literário, mesmo que a pessoa comum achasse seu material chocante.
O Amante de Lady Chatterley foi um livro controverso que retratava um relacionamento apaixonado entre uma mulher da alta sociedade, Lady Constance Chatterley, e um homem da classe trabalhadora, Oliver Mellors. O romance inclui palavrões e descrições explícitas de sexo, além de retratar o prazer sexual feminino. Lawrence disse que esperava postular o sexo como algo aceitável na literatura, tornando as relações sexuais [no romance] válidas e preciosas, em vez de vergonhosas.
Um Processo Judicial Pioneiro
Em 1960, a Penguin Books estava pronta para testar a Lei de Publicações Obscenas. A editora escreveu para o diretor de processos públicos (DPP) e avisou que publicaria uma versão original do livro. Em agosto daquele ano, Reginald Manningham-Buller, o principal consultor jurídico da Coroa, leu os primeiros quatro capítulos do romance enquanto viajava em um trem para pegar um barco para Southampton. Ele escreveu para o DPP, aprovando a abertura de um processo judicial contra a Penguin Books. ‘Espero que vocês sejam condenados’, ele disse.
Allen Lane, o fundador da Penguin Books, estava na Espanha enquanto os acontecimentos se desenrolavam. Seus colegas o aconselharam a voltar para casa imediatamente. O julgamento do livro O Amante de Lady Chatterley foi o primeiro do tipo sob a nova legislação, e o cenário estava pronto para um confronto entre o establishment e aqueles com visões mais liberais.
A Luta pela Liberdade de Expressão
Para sustentar seus argumentos a favor da publicação do romance, a Penguin Books convocou uma série de testemunhas especializadas, incluindo 35 escritores e políticos proeminentes. Entre eles, estava Richard Hoggart, um acadêmico e autor influente que era visto como uma testemunha chave. Ele argumentou que o romance era uma obra essencialmente moral e ‘puritana’, que apenas incluía palavras que ele havia ouvido em um canteiro de obras a caminho do tribunal.
Esse julgamento marcou um importante passo na luta pela liberdade de expressão e pela aceitação da literatura considerada obscena. A Penguin Books foi considerada culpada, mas o caso foi apelado. Finalmente, em 1963, o processo foi anulado, e o livro foi considerado aceitável devido ao seu valor literário. Essa vitória foi um marco importante na luta pela liberdade de expressão e pela aceitação da literatura considerada obscena.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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