Dilemas morais apresentam situações hipotéticas que exigem resposta. A língua nativa ou estrangeira pode influenciar a resposta, seja utilitarista ou deontológica, afetando a avaliação de custo-benefício e características dos dilemas.
Imagine-se diante de uma situação em que você precisa tomar uma decisão difícil: sacrificar uma vida para salvar outras. Isso é o que acontece no famoso dilema do bonde, um problema clássico que coloca em xeque nossas convicções morais. Nesse cenário, um trem desgovernado segue em direção a cinco pessoas que estão trabalhando nos trilhos, e a única maneira de salvá-las é desviar o trem para um trilho alternativo, onde apenas uma pessoa está trabalhando.
No entanto, essa solução não é tão simples quanto parece. O dilema do bonde é um exemplo de um paradoxo moral, pois coloca em conflito dois valores importantes: a vida humana e a necessidade de tomar decisões difíceis para proteger a maioria. Além disso, o problema se torna ainda mais complexo quando consideramos as características individuais das pessoas envolvidas. Por exemplo, se a pessoa que está no trilho alternativo é um médico que pode salvar muitas vidas no futuro, seria justo sacrificá-la para salvar as cinco pessoas nos trilhos? O dilema do bonde é um exemplo clássico de um impasse moral, que nos desafia a questionar nossas crenças e valores mais profundos. A resposta certa não é tão clara quanto parece.
O Dilema do Bonde: Um Problema Moral Complexo
O dilema do bonde é um paradoxo ético que apresenta um impasse moral difícil de resolver. A resposta mais aceitável para muitas pessoas é puxar uma alavanca para desviar o trem para outro trilho, onde há apenas uma pessoa trabalhando. Essa abordagem é conhecida como resposta utilitarista, pois se baseia no menor mal. No entanto, essa decisão envolve uma avaliação de custo-benefício, onde a morte de um trabalhador é considerada mais aceitável do que a morte de cinco pessoas.
O dilema do bonde tem outra versão, na qual as opções são deixar o trem seguir seu curso e atropelar as cinco pessoas que estão trabalhando nos trilhos, ou empurrar uma única pessoa nos trilhos para que o trem descarrile antes. Essa segunda opção envolve uma atuação mais pessoal do que puxar uma alavanca, o que leva a uma resposta deontológica: a maioria das pessoas decide não fazer nada e deixar o vagão seguir seu curso.
O Conflito entre Abordagens Éticas
Como são duas abordagens éticas diferentes, não há de fato uma resposta certa. A resposta depende da avaliação individual de custo-benefício. Por exemplo, as pessoas religiosas tendem a dar uma resposta deontológica, talvez porque causar danos voluntariamente seja mais oneroso do que permitir que ‘seja o que Deus quiser’. Em algumas variações do dilema, também pode ser que a pessoa sozinha no trilho seja um ente querido, e aí a avaliação de custo-benefício também muda.
As características de cada pessoa também influenciam nessas decisões. Por exemplo, descobriu-se que as pessoas bilíngues respondem de maneira diferente, dependendo se usam sua primeira ou segunda língua quando confrontadas com um dilema moral. Se o dilema for apresentado na sua língua materna, elas tendem a dar uma resposta deontológica. Por outro lado, na sua segunda língua, tendem a responder de forma utilitarista.
O Efeito da Língua Estrangeira
O ‘efeito da língua estrangeira’ acontece mesmo quando as pessoas aprenderam o segundo idioma quando eram muito jovens. Também ocorre em línguas aparentadas, como italiano e veneziano. Nosso grupo de pesquisa realizou um estudo para esclarecer se isso também acontecia com outro par de línguas românicas. Especificamente, em pessoas bilíngues de catalão-castelhano.
Surpreendentemente, não encontramos uma diferença significativa nas decisões morais tomadas em catalão em comparação com as tomadas em castelhano. Nossas descobertas sugerem que os bilíngues de catalão-castelhano não apresentam o efeito da segunda língua. Traços de personalidade psicopática podem estar relacionados a essa habilidade ou competência específica.
Implicações do Dilema do Bonde
O dilema do bonde é um problema moral complexo que apresenta um impasse difícil de resolver. A resposta depende da avaliação individual de custo-benefício e das características de cada pessoa. O efeito da língua estrangeira é um fenômeno interessante que pode influenciar as decisões morais. No entanto, é importante lembrar que o dilema do bonde é um paradoxo ético que não tem uma resposta certa.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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