Estudo de caso sobre inclusão financeira no Brasil apresentado no G20 no Rio de Janeiro aborda programas sociais, crédito bancário, educação e serviços financeiros.
O estudo realizado pelo Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), em parceria com o Banco Central e com o apoio da Gates Foundation, revelou que os beneficiários do Bolsa Família enfrentam um grande desafio para gerenciar suas finanças. De acordo com os dados coletados, cerca de 36% da renda dos homens e 38% da renda das mulheres são comprometidos com o pagamento de dívidas, incluindo juros e amortização.
Esses números são preocupantes, pois demonstram que muitas famílias brasileiras que recebem o Bolsa Família estão enfrentando dificuldades para honrar seus compromissos financeiros. Além disso, essas dívidas podem afetar a capacidade dessas famílias de acessar outros benefícios sociais, como o Auxílio. No Brasil, é fundamental que os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, sejam acompanhados de políticas que promovam a inclusão financeira e a educação financeira, para que os beneficiários possam gerenciar melhor suas finanças e aproveitar os benefícios sociais disponíveis. Apoio financeiro é essencial para a estabilidade econômica das famílias.
Estudo Revela Aumento do Acesso ao Crédito entre Beneficiários do Bolsa Família
De acordo com um estudo recente sobre inclusão financeira no Brasil, apresentado em evento do G20 no Rio de Janeiro, quase 100% dos adultos que integram o Cadastro Único para programas sociais do Governo Federal são bancarizados. A principal porta de entrada para esses serviços financeiros tem sido por meio do crédito, seja com o uso do cartão ou por pedidos de empréstimos. Esse aumento no acesso ao crédito é um reflexo da importância de programas sociais e da democratização do acesso a serviços financeiros, mas também sinaliza uma ameaça em potencial que precisa de atenção.
O período em que o Bolsa Família passou a se chamar Auxílio Brasil, em especial em 2022, foi quando o número de acesso ao crédito inflou. De acordo com o estudo feito pela FGV e o BC, com o aumento do valor do benefício, os pedidos de empréstimos por parte da população de baixa renda quase triplicaram. Isso é um exemplo de como o Bolsa Família tem sido um programa social importante para a inclusão financeira no Brasil.
Padrão de Inadimplência entre Beneficiários do Bolsa Família
A pesquisa identificou que os jovens beneficiários do programa social são os que mais solicitam crédito em bancos tradicionais, os famosos ‘bancões’, desde 2020. No entanto, o padrão de inadimplência também atinge os bancos digitais. A faixa etária de 18 a 30 anos são os que mais comprometem a renda com dívidas de cartão de crédito. Já os pensionistas aparecem na pesquisa como os que menos sofrem com o endividamento.
O assessor de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central do Brasil, Lucas Iten Teixeira, acredita que o número de super endividados entre os beneficiários do Bolsa Família pode ser ainda maior, se levar em consideração que durante a pandemia de 2021 muitas dívidas foram negociadas entre bancos, fintechs e os clientes. ‘No Brasil, no geral, o número de endividados é muito alto, mas os beneficiários de programas sociais se destacam na pesquisa porque são os que têm menos acesso à educação financeira’, afirma Iten.
Importância da Educação Financeira para os Beneficiários do Bolsa Família
A pesquisa destaca a importância da educação financeira para os beneficiários do Bolsa Família. ‘Temos, basicamente, duas décadas de inovações, regulamentações e programas de transferência de renda contribuindo para a inclusão financeira, e do outro lado os fornecedores estão interessados nessa parte da população, aumentando a competição, ao mesmo tempo que quase nenhuma educação’, afirma Iten. Isso é um desafio para os programas sociais, como o Bolsa Família, que precisam encontrar maneiras de educar os beneficiários sobre a gestão financeira.
Para realização da pesquisa, foram usadas diferentes bases de dados: além do Cadastro Único para identificar os beneficiários do Bolsa Família, informações do próprio Banco Central auxiliaram na identificação de usuários da poupança e do Pix; além do auxílio da Receita Federal para identificar localização dos beneficiários do programa social. O evento acontece de 25 a 27 de setembro no Rio e marca a abertura da 3º e última plenária da Parceria Global para Inclusão Financeira (Global Partnership for Financial Inclusion – GPFI).
Fonte: @ Valor Invest Globo
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