ouça este conteúdo
Alguns fungos do grupo de patógenos estão evoluindo para infectar humanos, possivelmente devido à mudança climática e ao aumento das temperaturas.
Milhões de tipos de fungos são encontrados no ar, mas somente aproximadamente 20 podem provocar infecções em pessoas. O sistema imunológico é eficiente em se defender desse grupo de fungos. Ademais, a temperatura do corpo humano é elevada demais para a sobrevivência da maioria das espécies de fungos.
Os microrganismos desempenham um papel crucial na decomposição da matéria orgânica. Além disso, alguns fungos são utilizados na produção de alimentos, como queijos e pães. A diversidade de microrganismos é vasta, e seu impacto no meio ambiente é significativo.
Fungos: Microrganismos em Evolução
Fungos estão se adaptando ao calor corporal, de acordo com um estudo recente que sugere uma possível relação com o aquecimento global. A descoberta de que certos fungos estão evoluindo para se tornarem patógenos humanos levanta preocupações sobre a importância desse grupo de microrganismos. Os pesquisadores alertam que o perigo e a relevância dos fungos podem ter sido subestimados até agora, como apontado em um estudo publicado na revista Nature Microbiology.
Os cientistas analisaram registros de infecções fúngicas em hospitais na China ao longo de uma década, de 2009 a 2019. Durante essa investigação, identificaram pacientes infectados por um grupo de fungos que anteriormente não eram conhecidos por causar doenças em humanos. Esses fungos foram capazes de infectar camundongos com sistemas imunológicos comprometidos, indicando uma mudança preocupante em sua capacidade patogênica.
Uma descoberta surpreendente foi a resistência desses fungos, como R. fluvialis e R. nylandii, a altas temperaturas corporais, como os 37°C encontrados em mamíferos. A análise laboratorial revelou que a temperatura mais elevada aumentou a taxa de mutações nas colônias de fungos, levando à resistência a medicamentos antifúngicos. Essa resistência é particularmente alarmante devido à escassez de opções terapêuticas eficazes.
Especialistas, como Jatin Vyas da Faculdade de Medicina de Harvard, advertem para as possíveis consequências dessa evolução fúngica. Vyas destaca que a adaptação dos fungos para causar doenças infecciosas graves pode resultar em desafios significativos no tratamento, dada a limitada disponibilidade de medicamentos eficazes. A preocupação com um cenário apocalíptico, embora não comparável à ficção, é real.
A questão crucial que surge é se o aquecimento global desempenhou um papel nessa evolução dos fungos. Os pesquisadores apontam para a resistência crescente dos fungos a medicamentos e sua virulência, atribuída em parte à tolerância ao calor. Estudos anteriores indicam que algumas espécies fúngicas podem prosperar em temperaturas mais elevadas do que antes, sugerindo uma possível influência das mudanças climáticas nesse fenômeno.
Embora evidências diretas ainda sejam necessárias, a correlação entre o aquecimento global e a evolução dos fungos levanta preocupações sobre os desafios futuros no controle de infecções fúngicas. O estudo destaca a importância de monitorar de perto a adaptação dos microrganismos a novos ambientes e condições, a fim de desenvolver estratégias eficazes de prevenção e tratamento.
Fonte: @ Terra
Comentários sobre este artigo