Duas artistas periféricas produzem arte urbana em zonas extremas, girando a grana entre eles.
Uma das principais causas do desconhecimento que envolve a arte urbana é a burocracia, que gera receio de formalização e de recursos financeiros das produtoras de arte urbana. Nesse contexto, grafiteiras buscam notoriedade para quebrar o ciclo de exploração.
A falta de transparência e a priorização de valores justos são pontos que as grafiteiras mais periféricas, como a produtora Pankill, se sentem necessidade de buscar e propor na arte urbana. “Achamos que falta transparência, valores justos e priorizar artistas”, diz a produtora, já conhecida por sua arte urbana, desde que se tornou produtora de arte também. Afinal, é possível que a arte urbana, por sua essência artística, seja vista como sombra da arte mais tradicional, mas isso não justifica a falta de priorização dos artistas periféricos.
Artistas Periféricas Rompem o Ciclo de Exploração da Arte Urbana
São Paulo – Sete grafiteiras selecionadas para o Museu de Arte de Rua (MAR), da Prefeitura de São Paulo, estão sendo produzidas por outras duas artistas periféricas para quebrar o ciclo de exploração da arte urbana por empresas geridas por homens e mulheres que atuam no mercado de produção artístico-cultural em São Paulo. ‘A arte urbana é uma arte periférica, e a gente precisa entender que a produção artística não pode ser explorada por atravessadores’, enfatiza Amanda Pankill, grafiteira.
Amanda Pankill e Mimura Rodriguez, criadoras da Seiva Cultural, estão atuando como produtoras de outras sete mulheres que pintam enormes painéis de grafite em regiões periféricas da capital, como Jardim São Luiz e São Matheus. ‘A gente começou a se mobilizar e se produzir. Neste projeto, partimos da premissa de que a artista tem que ganhar o maior cachê’, diz Pankill.
A produção de grafites é um processo que exige muito esforço e dedicação, mas também é marcado pela exploração. ‘A gente se sente explorado, principalmente pelo mercado das grandes produtoras, agências, pessoal de publicidade e marketing’, afirma Pankill. Ela explica que as produtoras muitas vezes precarizam as relações de trabalho e pagam muito pouco às artistas. ‘Talvez enxerguem os artistas como menos preparados e precarizem as relações de trabalho’, diz.
Pankill também compartilha exemplos de como as produtoras exploram os artistas. ‘Teve uma dessas grandes produtoras exigindo que a artista comprasse tinta do fornecedor dela e era o dobro do valor’, afirma. ‘Em outra ocasião, a gente estava fazendo um trabalho para uma das maiores marcas de roupa do mundo e não tinha uma barraca, uma sombra, o sol estava escaldante. Cortam gastos para aumentar o ganho da produtora, não respeitam o artista.’
Os valores pagos às artistas são muitas vezes irrisórios. ‘De um projeto de quatrocentos mil, tivemos que brigar e bater o pé e as artistas não ganharam nem dez mil’, revela Pankill. A falta de respeito e a exploração são problemas comuns em editais públicos, onde as produtoras buscam ganhar dinheiro fácil.
A Seiva Cultural está trabalhando para mudar essa realidade. ‘Serão oito painéis de grafite feitos nas periferias de São Paulo no projeto só de mulheres’, afirma Pankill. A arte urbana é uma expressão da criatividade e da resistência das periferias, e é hora de que os artistas sejam respeitados e valorizados.
Artistas Periféricas Lutam pela Autonomia e pela Sombra
A luta pela autonomia e pela sombra é uma questão central para as artistas periféricas. ‘A gente precisa entender que a artista tem que ganhar o maior cachê’, enfatiza Pankill. A sombra é mais do que uma necessidade física; é um direito das artistas de ter um espaço para criar e expressar-se sem ser exploradas.
A Seiva Cultural está trabalhando para criar um movimento de artistas periféricas que lutam pela autonomia e pela sombra. ‘A gente começou a se mobilizar e se produzir’, afirma Pankill. ‘Neste projeto, partimos da premissa de que a artista tem que ganhar o maior cachê’, diz Pankill.
A arte urbana é uma arte periférica, e a gente precisa entender que a produção artística não pode ser explorada por atravessadores. ‘A gente se sente explorado, principalmente pelo mercado das grandes produtoras, agências, pessoal de publicidade e marketing’, afirma Pankill.
Fonte: @ Terra
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