Lobby enfrenta crise pela colisão entre Big Techs e governo. Turma do head de políticas públicas busca evitar decisões nos tribunais secretos, como a Suprema Corte Federal, com estratégia no dia.
Recentemente, a política governamental do Brasil passou por uma mudança significativa, com o aumento da presença da Meta e do Whatsapp na cena política.
Em um movimento surpreendente, a head de políticas públicas do Whatsapp no Brasil, Daniela da Silva Scapin, deixou sua posição em um ato de protesto contra a virada retórica da Meta após a eleição de Donald Trump para a presidência americana. Esse evento não apenas marcou uma mudança na política da empresa, mas também refletiu uma maior conscientização sobre o impacto da política pública nas relações sociais.
Mudanças súbitas na Meta podem afetar a equipe brasileira
Uma mudança de direção política e econômica em uma corporação pode ser um processo gradual, mas quando isso acontece com uma empresa como a Meta, com uma base ideológica distinta de sua antiga postura, é algo que merece atenção. A declaração de Scapin, ex-empregada da Meta, trouxe à tona a velocidade com que a empresa se realinhou com o governo recentemente eleito nos Estados Unidos, e a intensidade desse movimento, que não parece estar alinhado com os valores anteriores da empresa.
Uma virada retórica surpreendente
Scapin não entra em detalhes sobre a forma como essa virada foi implementada, mas os fatos são claros. Pouco antes da posse de Donald Trump, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, anunciou o fim da estratégia de moderação de conteúdo no Facebook e a adesão a um sistema mais parecido com o do X, baseado em ‘comunidades’. Além disso, Zuckerberg esteve presente na posse de Trump e, junto com outras gigantes como Amazon e Google, encerrou políticas de ‘diversidade e inclusão’ que não se encaixam com a linha ideológica do novo governo.
Impacto nas movimentações na América Latina
As movimentações nos Estados Unidos parecem não ter tido grandes impactos na equipe brasileira das multinacionais envolvidas, mas Scapin dá a entender que isso não deve seguir assim por muito tempo, pelo menos na Meta. ‘Aos agora antigos colegas, sei que esse anúncio vem num momento peculiar, já que em breve haverá mais mudanças e mais partidas na empresa’, aponta Scapin, sugerindo que a equipe brasileira pode estar prestes a enfrentar mudanças significativas.
A rota de colisão com as autoridades brasileiras
A rota de colisão entre a Meta e as autoridades brasileiras já estava desenhada no próprio vídeo de Zuckerberg, no qual o CEO pede a ajuda de Trump para combater a ‘censura’ na União Europeia, China e, também, no Brasil, apesar do país não ter sido mencionado diretamente. ‘Países na América Latina têm tribunais secretos que podem ordenar empresas a tirar coisas da Internet discretamente’, disse Zuckerberg no vídeo, o que foi amplamente interpretado como uma menção indireta às polêmicas do Supremo Tribunal Federal do Brasil com o X, que acabaram levando a um bloqueio temporário da rede social de Elon Musk no país.
A estratégia da Meta e as demais empresas de tecnologia
Como resposta, o Planalto articulou frentes de atuação no Legislativo e no Supremo Tribunal Federal (STF), que deram início ao julgamento de ações sobre a responsabilização das redes sociais. A Meta e as demais grandes empresas de tecnologia deram a pista de qual deve ser a sua estratégia no dia 22 de janeiro, ao não dar as caras em uma audiência pública organizada pela Advocacia-Geral da União (AGU). O debate promovido pela AGU buscava discutir a decisão da Meta de encerrar o programa de checagem de fatos em suas plataformas.
A proposta de regulamentação econômica das big techs
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deu mostras que o governo também pensa em pegar as empresas pelo bolso, propondo a chamada ‘regulamentação econômica das big techs’. O que isso quer dizer na prática não está claro, porque o texto da proposta ainda não foi divulgado. A questão é: a Meta e as demais empresas de tecnologia estão preparadas para enfrentar essas mudanças?
Fonte: @Baguete
Comentários sobre este artigo