São Paulo e Santos impulsionaram a alta geral, com foco em Secretaria da Segurança Pública, direitos humanos, igualdade social e disciplinas de direitos nas forças de segurança estaduais.
No estado de São Paulo, a letalidade policial tem sido um tema recorrente nos últimos anos. De janeiro a agosto deste ano, houve um aumento significativo na taxa de pessoas negras mortas pelas polícias Civis e Militar, chegando a 83% em comparação com o mesmo período do ano passado. Esse aumento é alarmante e reflete a necessidade de uma abordagem mais eficaz para reduzir a letalidade policial no estado.
A violência policial é um problema complexo que afeta principalmente as comunidades negras e pobres. As mortes pela polícia são frequentemente resultado de abordagens policiais agressivas e desproporcionais. Além disso, a falta de transparência e responsabilização nas investigações desses casos contribui para a perpetuação da violência policial. É fundamental que as autoridades tomem medidas concretas para reduzir a violência policial e garantir que as abordagens policiais sejam realizadas de forma justa e respeitosa. A segurança pública deve ser prioridade, mas não pode ser alcançada à custa da vida e da dignidade das pessoas.
Letalidade Policial no Estado de São Paulo: Um Retorno à Violência
Os números divulgados pelo Instituto Sou da Paz, com base em dados oficiais da Secretaria da Segurança Pública da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), revelam um aumento alarmante na letalidade policial no estado de São Paulo. Em nota, a pasta afirmou que as forças de segurança estaduais realizam abordagens policiais seguindo parâmetros e procedimentos técnicos, com absoluto respeito à lei. No entanto, os dados mostram que, desde a formação e ao longo de toda carreira, os policiais paulistas passam por cursos de formação e atualização que contemplam disciplinas de direitos humanos, igualdade social, diversidade de gênero, ações antirracistas, entre outras.
Um Aumento de 78% nas Mortes pela Polícia
Nos primeiros oito meses deste ano, 441 pessoas foram mortas no estado pelos agentes das forças de segurança em serviço, contra 247 no ano passado no mesmo intervalo. Isso representa uma alta de 78%. Desse total, 283 pessoas foram identificadas como negras (soma de pardas e pretas) e 138, como brancas. Outras 20 tiveram a raça ou a cor ignoradas no momento da elaboração do documento oficial da polícia. No ano anterior, foram 154 negros e 87 brancos mortos. Com isso, praticamente dois de cada três mortos este ano eram negros (64% do total). O percentual de mortes de brancos foi de 31%.
Um Retorno à Letalidade Policial com Cor e Endereço
‘O que a gente vê é um retorno a uma letalidade policial que tem cor, tem endereço, tem gênero. Não é à toa que, em 2024, o percentual de vítimas negras de letalidade policial em serviço bateu o recorde dos últimos anos’, disse o coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, Rafael Rocha. ‘Se continuar nessa toada, nos próximos anos, a população negra vai ser o dobro de pessoas vitimadas do que a proporção dessas pessoas na população paulista, o que é muito triste’.
Violência Policial Concentrada nas Periferias
A cidade de São Paulo e a região de Santos, na Baixada Santista, puxaram a alta no geral. Na capital, a quantidade de pessoas mortas por policiais em serviço passou de 76 para 118 de janeiro a agosto. Na área do Deinter 6, que abrange Santos e outras 22 cidades da região, passou de 54 para 109 mortes. A área está dentro das operações Escudo e Verão, que juntas deixaram ao menos 93 mortos. ‘As polícias estão matando mais, mas essa morte está concentrada entre as pessoas pretas e pardas. Então, o que nos faz imaginar, e aí tem que olhar também para a localização dessas mortes, é que a polícia está sendo mais letal no geral e ainda mais letal nas periferias da cidade de São Paulo, na região metropolitana, do interior, sobretudo na região da Baixada Santista’, acrescentou Rocha.
Um Esvaziamento do Controle do Uso da Força
Para a diretora-executiva do Sou da Paz, Carolina Ricardo, o crescimento da letalidade está associado a um esvaziamento do programa de controle do uso da força pela Polícia Militar. ‘O que temos visto desde 2023, e que tem se agravado em 2024, é uma política de segurança pública que produz mais mortes. Ainda que não tenha havido novas operações como a Escudo e a Verão, a letalidade policial segue crescente no estado’, afirmou.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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