Saldo do Dia: Índice acionário cai 10% no ano em negociações fracas, volume de troca recuo pela taxa Selic.
O Ibovespa, o principal índice acionário do Brasil, experimentou uma trajetória volátil em 2022, onde perdeu e recuperou seu patamar de 121 mil pontos. Nesse cenário, o mercado se mostrou cada vez mais cauteloso em investir no Brasil devido a sua reputação como país que gasta sem cuidado, com consequências negativas para o seu desempenho econômico.
Em uma semana marcada pela influência do feriado de Natal e pela alta volatilidade, a situação foi negativamente afetada, culminando em uma perda de 10% no ano. A incerteza do cenário político, com a disputa entre Legislativo e Judiciário, tem contribuído significativamente para o prejuízo do mercado, deixando investidores mais relutantes em buscar retornos nos títulos brasileiros.
Desafios ao Mercado no Fim de Ano
No período que separa as festas de Natal e Ano Novo, o mercado brasileiro enfrentou desafios significativos, refletindo-se em uma variação negativa de 0,67% na carteira teórica, que perdeu 120.269 pontos. Isso significa um prejuízo de 10,37% no ano, com uma variação mensal negativa de 5,30%. Apenas um público reduzido se aventurou em negociações, com um volume de R$ 12,15 bilhões negociados entre as 87 ações do índice, um valor considerado baixo, especialmente quando comparado ao giro médio de R$ 16,4 bilhões nos últimos 12 meses.
O mercado ficou atento ao imbróglio em Brasília, onde o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, bloqueou a liberação de mais de 5 mil emendas de parlamentares, alegando irregularidades no processo. Essa medida é importante para a presidência, pois afeta a capacidade de negociação de medidas importantes, incluindo a votação de projetos que poderiam ajudar a controlar gastos, um anseio do mercado. No entanto, a Câmara tentou recorrer, mas o ministro disse que as informações prestadas não foram suficientes para garantir a transparência do processo de pagamento das emendas.
As negociações flutuaram em torno do assunto, afetando negativamente não apenas a bolsa, mas também os juros e o real. Isso se refletiu na alta do dólar comercial, que acumulou 2% de alta na semana, com um avanço de 0,26% na sessão da sexta-feira, encerrando o dia a R$ 6,19. No ano, a moeda teve uma valorização de 28,15%, apesar dos US$ 19 bilhões leiloados pelo Banco Central nos últimos dias. O Brasil é visto como um território mais arriscado, o que faz com que os investidores desejem mais retornos para apostar em ativos locais, principalmente os de longo prazo.
A alta do dólar, a previsão de mais inflação e a taxa Selic em ascensão também elevam as taxas dos títulos com vencimento mais curto. Na seara externa, a perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos também pressiona as taxas locais e contribui com o avanço do dólar. A Taxa de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 saiu de 15,37% para 15,44% ao ano, enquanto os prêmios em contratos de curto prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic. Os retornos da taxa para janeiros de 2029 e 2034 também foram afetados, refletindo uma maior preocupação com calote do governo.
Diante do clima em Brasília, nem a prévia da inflação foi capaz de trazer animação. Por falar em dados, a taxa de desemprego está novamente baixa, apontando que o mercado de trabalho segue aquecido no Brasil.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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