Autoridade monetária monitora possível queda em consumo e investimentos devido à febre de apostas. Ministério da Fazenda, empresas operam apostas.
O Ministério da Fazenda anunciou recentemente que registrou 113 solicitações de empresas interessadas em atuar no ramo das apostas no Brasil a partir de janeiro de 2025. A Caixa Econômica Federal é uma das empresas que demonstraram interesse em obter a licença para operar nesse setor promissor de apostas.
Com a crescente popularidade dos jogos de apostas, os apostadores estão cada vez mais em busca de novas oportunidades para realizar seus palpites. A expectativa é que a regulamentação do mercado de apostas traga benefícios tanto para as empresas envolvidas quanto para os entusiastas dos jogos de apostas.
Apostas: Novas Regras e Oportunidades no Mercado de Jogos de Apostas
Se autorizadas pelo Ministério da Fazenda, essas empresas interessadas poderão operar com palpites esportivos, caça-níqueis on-line e transmissão de jogos de cassino ao vivo dentro das regras da chamada lei das bets. As companhias que se cadastraram vão ter de aguardar até o final do ano para saber se cumpriram os requisitos para funcionar no país. Esse é o prazo que o governo tem para avaliar as candidaturas e liberar as autorizações.
O custo para ter a licença para atuar no Brasil foi estipulado em R$ 30 milhões, além de outros R$ 5 milhões para depósito compulsório. As empresas também terão que pagar um tributo de 12% sobre a sua receita bruta. Os ganhadores de prêmio também terão de pagar 15% sobre os ganhos acima de um salário mínimo.
Guilherme Sadi, sócio do Sadi Morishita Advogados e especialista no setor, vê os altos custos de operação como parte de um processo ‘saneador’ do setor. ‘Temos uma lei de 2018 e uma portaria normativa de abril bastante rigorosas em relação aos critérios de comprovação de capital e de apresentação de garantias financeiras. O valor da licença, em si, também é elevado. E todo esse rigor veio para dar segurança ao mercado, como um todo, e para os apostadores’, observou durante o Finance of Tomorrow (Fot), realizado recentemente no Rio de Janeiro.
Apesar do alto desembolso, as empresas veem um mercado próspero por aqui. Na última semana, os economistas do Itaú divulgaram um estudo que mostra que o jogador brasileiro gastou 68,2 bilhões em apostas e taxas de serviço e recebeu de volta R$ 44,3 bilhões em prêmios entre junho de 2023 e de 2024. Ou seja, as perdas dos apostadores foram de R$ 23,9 bilhões. O saldo negativo deixado no bolso de quem tenta a sorte nessas plataformas representa 0,2% do Produto Interno Bruto (Pib) em 2023, 0,3% do consumo total e 1,9% da massa salarial, pondera o Itaú.
O diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, comentou, durante sua participação no mesmo evento, que parte do aumento da renda do brasileiro não tem se traduzido em consumo ou poupança. E isso pode estar se direcionando a esse nicho. ‘As despesas com apostas, dos jogos de apostas, têm crescido como ponto de análise. Talvez o crescimento da renda possa estar vazando para este tipo de atividade’, afirmou. O dinheiro gasto com jogo agora contabilizado pelo Banco Central como ‘serviços culturais, pessoais e recreativos’ —para taxas de serviço do site— e como ‘renda secundária’ para o valor apostado pela pessoa.
Galípolo complementou dizendo que embora possa parecer anedótico, há relatos de representantes de supermercados e de redes de varejo que apontam que o dinheiro está ‘fugindo’ para as apostas. No estudo do Itaú, a hipótese de que as apostas geram impacto negativo sobre a performance das empresas varejistas é rejeitada. O banco argumenta que ‘as vendas no varejo têm apresentado resultados dentro do esperado’. O BTG Pactual é outra instituição que está olhando para o que podem representar os volumes vultuosos desprendidos.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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