Hebert, de Senador Camará, cria versões pretas do Papai Noel utilizando pintura digital e técnicas de criatividade em sua obra de arte.
Em uma abordagem única, o artista brasileiro desenha Jesus preto, trazendo um toque moderno à representação tradicional do religioso. Com inspiração funkeira, o trabalho transita entre arte e fé, buscando uma conexão mais profunda com o público.
A série de Jesus preto do artista carioca não se limita apenas à representação do religioso. Cada obra é uma reflexão da arte contemporânea, que busca se conectar com o presente, em vez de se encaixar nas convenções. O uso da cor preta é mais do que uma escolha estética; é uma forma de abordar a complexidade da vida, em um mundo onde as fronteiras entre o sagrado e o profano se tornam cada vez mais tênues. O artista explora, em meio à arte, o que significa ser Jesus preto, e como essa representação pode ser uma ferramenta poderosa para a reflexão e a compreensão.
Desvendando a Arte de Jesus Preto
No ano anterior, uma imagem de Jesus preto causou grande impacto, e o artista responsável passou a produzir uma série de obras inspiradas nessa temática. ‘A mudança de tudo foi quando eu lancei aquela imagem de Jesus preto em 2020. Teve sete mil likes em um dia’, lembra Hebert Bichara Amorim, um talentoso artista plástico que mistura pintura e técnicas digitais. Ele fala sobre como essa imagem marcou o início de uma nova era em sua carreira, que agora inclui obras religiosas e de arte de inspiração popular.
De Jesus Preto a Pintura Digital
Faz quatro anos que Hebert Amorim levava a arte a sério e desde que a imagem viralizou, ele não deixa passar um Natal sem criar uma nova versão de Jesus da cor das pessoas que ele vê ao redor. A imagem que chamou atenção para seu trabalho ‘simbolizou tudo o que eu estava imaginando, não tinha computador direito, não tinha placa de vídeo’, ele lembra. ‘Chegou um momento que eu tive que deixar sair tudo pra fora’, diz. Ele ressalta que essa imagem gigantesca na entrada da exposição é dele e que suas fortes criações mostram o cotidiano da favela, com menores negros vestindo camiseta, boné e tênis das marcas preferidas.
De Pixeis e Digitalização
Hebert Amorim é autodidata, lembra que ele mesmo aprendeu a pintura e a arte digital. Ele adora tecnologia e sempre gostou muito dela, mesmo sem ter acesso, era muito caro. Mas ele vivia na lanhouse perto de casa, comecei a aprender meio que por osmose. ‘É o famoso faça você mesmo, sempre gostei muito de tecnologia, mesmo não tendo acesso, era muito caro’, ele diz. Ele utiliza técnicas de pintura e colagens digitais misturadas, ‘é o famoso faça você mesmo, sempre gostei muito de tecnologia’. Ele pesquisa imagens antigas e ‘recriar com nova roupagem, recortar, pintar o rosto digitalmente, ou pegar uma foto aleatória’. O conteúdo inserido, das cores aos personagens, vem das vivências.
Missa, Fé e Arte
Uma das experiências mais fortes e contraditórias pelo jovem Hebert foram as idas à missa com a avó. ‘Surgiram conflitos, questionamentos sobre as cores das pessoas, a fé, a realidade ao redor.’, lembra ele. ‘Por muito tempo pensei que era coisa da minha cabeça, nem eu entendia muito bem o que eu estava fazendo’. Na casa da avó, que cuidava dele enquanto os pais trabalhavam, ‘tem muito símbolo, muita imagem, os dogmas da igreja. Eu acho que eu fui mais para igreja do que para a escola’. Os pais de Hebert, no entanto, são umbandistas. É nesse contexto que ele cria suas obras de arte, sempre com uma inspiração religiosa, como a capa de Povo de Fé, de Marcelo D2.
Fonte: @ Terra
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