Remuneração dos títulos atrelados à inflação marca nova máxima desde período pré-impeachment de Dilma Rousseff. Investidores buscam proteção do pós-fixado. Taxa superiores a 7% são os mais altos patamares. Pacote de corte de gastos apresentado pelo governo busca por títulos pós-fixados segue firme.
A falta de credibilidade do governo com o mercado brasileiro se acentuou após o leilão de títulos do Tesouro Nacional, realizado na terça-feira, 3 de dezembro, que mostrou a necessidade de uma compensação ainda maior para a dívida atrelada à inflação. Os títulos com vencimentos em 2027 e 2032 foram oferecidos ao público com taxas superiores a 7% ao ano, acrescidas da variação do IPCA no período, que está em alta.
É preciso lembrar que a dívida do governo aumenta à medida que são necessários mais recursos para cobrir os gastos públicos, o que se traduz em alta nos juros devidos. Além disso, a inflação alta é um dos principais motivos que levam a uma maior dívida, pois a inflação aumenta o valor dos juros devidos. Por isso, o governo precisa encontrar soluções eficazes para reduzir a dívida e controlar a inflação para evitar mais impactos negativos no mercado.
Efeitos Adversos da Dívida: Aumento da Taxa de Juros e Dependência de Títulos Pós-Fixados
A crise fiscal brasileira tem acarretado consequências significativas para a economia, especialmente no que diz respeito à dívida pública. A maior taxa de juros registrada em um leilão de títulos do Tesouro Nacional, que ultrapassou os 7% em alguns casos, é um sinal claro de que os investidores estão reclamando por uma maior segurança em seus investimentos. ”A dívida pública é um problema sério que precisa ser abordado de forma eficaz, senão os efeitos podem ser devastadores para a economia como um todo”.
A piora na precificação dos títulos ocorreu logo após a frustração com o pacote de corte de gastos apresentado pelo governo. A avaliação dos investidores é de que, embora as medidas reduzam os gastos nos próximos anos, elas não asseguram a sustentabilidade da dívida no longo prazo. O resultado são preços mais altos para novas emissões, refletindo a percepção de risco. A dívida pública é um problema sério que precisa ser abordado de forma eficaz, senão os efeitos podem ser devastadores para a economia como um todo.
A dependência crescente de títulos pós-fixados é um tema de preocupação. Esses títulos são considerados menos arriscados, pois os índices e pré-fixados estão mais expostos à variação do mercado, o que pode resultar em perdas significativas caso o cenário fiscal continue a piorar. No leilão realizado na última semana de novembro, a baixa demanda fez com que nem todos os lotes de títulos pré-fixados fossem vendidos.
O desbalanceamento na demanda coloca em risco o cumprimento do Plano Anual de Financiamento (PAF), que determina a composição da dívida pública por indexador. No início do ano, o plano previa um percentual mínimo de 24% da dívida em pré-fixados. Em setembro, a meta foi revista para 22%. Ao fim de outubro, o percentual estava em 22,12%. Com as emissões entre novembro e dezembro, mesmo após a revisão, é provável que o Tesouro termine o ano abaixo do mínimo estipulado. Por outro lado, os pós-fixados, que representavam 39,66% da dívida no fim de 2023, caminham para encerrar o ano acima de 46%.
A dependência crescente de títulos pós-fixados traz consequências negativas para a economia. Dificulta a gestão de caixa do Tesouro e compromete a eficácia da política monetária. ‘Estamos com quase 50% da dívida em títulos pós-fixados. Então, quando a taxa de juros aumenta, em vez de gerar um ‘efeito pobreza’ na sociedade, ajudando a controlar a inflação, ocorre o oposto: coloca mais dinheiro no bolso da população, já que eleva a remuneração dos títulos pós-fixados’, afirma o economista-chefe da TAG. ‘Definitivamente, não estamos caminhando para uma composição de dívida interna ideal. Os prazos estão sendo encurtados, e a dívida está ficando cada vez mais pós-fixada. Isso é ruim, mas condizente com a falta de credibilidade’, complementa.
Fonte: @ NEO FEED
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