Análise de impactos financeiros de aposentadorias precoces e licenças no Brasil. Campanha defende imposto sobre bebedidas-alcoólicas para financiar a saúde-ao-álcool e combater doenças-causadas, como as cardiovasculares. Organizações-pedido pressionam governos para implementar medida.
No Brasil, a álcool é uma substância muito presente em nossas festas e eventos sociais, mas é preciso lembrar que o consumo excessivo pode ter consequências graves para a saúde. De acordo com os estudos, não há nenhuma dose de álcool que seja considerada segura para o consumo.
A OMS, por exemplo, afirma que o álcool não tem benefícios reais para a saúde humana, e pode levar a problemas de saúde como a bebedeira, a embriaguez, além de aumentar o risco de doenças cardiovasculares e cânceres, como o de laringe. Além disso, os efeitos da álcool são também perceptíveis no aumento dos riscos de acidentes e episódios de violência, tornando o consumo excessivo uma questão de saúde pública.
Álcool: um peso morto para a economia brasileira
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) trouxe à luz os impactos devastadores do consumo excessivo de álcool tanto para a saúde quanto para a economia do Brasil. Os resultados alarmantes mostram que por hora, o álcool é responsável por 12 mortes. Além disso, as mortes prematuras, aposentadorias precoces e licenças médicas custam um alto preço ao país, chegando a R$ 18,8 bilhões por ano. Este cenário sombrio é o resultado de uma pesquisa realizada a pedido de organizações como Vital Strategies e ACT Promoção da Saúde, que investigaram os danos causados pelo álcool no Brasil.
Os dados são esmagadores: os homens são as principais vítimas do álcool, representando 86% das mortes, enquanto as mulheres, que correspondem a 14% dos desfechos fatais, têm 60% dos casos relacionados ao coração ou cânceres. A pesquisa considerou os dados mais robustos sobre danos à saúde ao álcool no Brasil, provenientes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, o que inclui hospitalizações.
Com as estimativas de mortes atribuíveis ao álcool feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi possível calcular os custos e o dado alarmante de 104,8 mil mortes naquele ano, o que significa uma média de 12 óbitos por hora. Mesmo assim, o problema é ainda maior. O pesquisador Eduardo Nilson da Fiocruz explica que o ponto essencial para essa discussão é entender a carga econômica e epidemiológica do álcool, uma vez que o beber com moderação varia de pessoa para pessoa.
A discussão sobre a carga econômica e epidemiológica do álcool ganhou força em meio às discussões sobre a reforma tributária ainda neste ano, que pode incluir o imposto seletivo, apelidado como ‘imposto do pecado’, uma sobretaxa para itens nocivos à saúde e ao ambiente. As bebidas alcoólicas estariam neste grupo. Pedro de Paula, diretor executivo da Vital Strategies, afirma que é uma substância permitida no país, mas que tem impactos danosos, e que a reforma tributária pode ser uma oportunidade para salvar centenas de milhares de vidas, citando exemplos de países que adotaram medidas e reduziram perdas em custos sociais associados.
Cabe destacar que o álcool é uma das principais causas de doenças cardiovasculares, além de ser um fator de risco para outras enfermidades. Além disso, o estudo também ressalta a carga econômica do álcool, que inclui não apenas as mortes, mas também as doenças causadas por bebidas alcoólicas, como as doenças cardiovasculares.
Um problema invisibilizado
O estudo da Fiocruz trouxe à luz a verdadeira dimensão do problema do álcool no Brasil, que é invisibilizado por muitos. O beber com moderação é visto como uma prática socialmente aceita, mas a realidade é que o consumo excessivo de álcool é uma das principais causas de mortes e doenças no país.
A pesquisa também destaca a necessidade de uma abordagem mais robusta para lidar com o problema do álcool, incluindo a educação e a conscientização sobre os riscos do consumo excessivo, além de políticas públicas para reduzir o impacto do álcool na saúde e na economia do país.
Um caminho para o futuro
O estudo da Fiocruz é um passo importante para entender a dimensão do problema do álcool no Brasil e para encontrar soluções para reduzir o impacto do álcool na saúde e na economia do país. É hora de que o Brasil sejam capazes de lidar com o problema do álcool de forma mais eficaz, protegendo a saúde e o bem-estar de seus cidadãos.
Fonte: @ Veja Abril
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