Programa oferece financiamento de 100% para mensalidades de até 0,5 salário mínimo (R$ 759). No entanto, cursos de medicina acima de R$ 10 mil exigem complementação das aulas.
Ondas de alegria percorrem o país com a notícia de um programa de financiamento de graduação que visa apoiar os estudantes mais carentes. Lançado em 2024, o programa visa financiar a graduação de estudantes que ganham até 1/2 salário-mínimo, oferecendo uma oportunidade de ondas de mudanças em suas vidas.
Uma das principais características do programa é o limite de financiamento, que é de R$ 10 mil por mês. Embora isso seja considerado um limite teto pelo programa, muitos estudantes consideram que é insuficiente, pois as graduações de medicina podem custar muito mais do que isso. Nesse caso, os alunos terão que coparticipar com o financiamento, o que pode ser um problema financeiro para muitos. Além disso, o programa pode não oferecer um empréstimo suficiente para cobrir todos os custos, o que pode levar a uma situação de inadimplência.
FNDE analisa revisão do ‘teto’ de financiamento do Fies Social
Em um esforço para aliviar a carga financeira dos estudantes de baixíssima renda, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) está analisando uma possível revisão do ‘teto’ de financiamento do Fies Social. Este programa, criado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2024, visa apoiar estudantes em situações vulneráveis. No entanto, muitos jovens, como Eduarda Cardoso, de 22 anos, enfrentam dificuldades para manter-se matriculados.
O que é Fies Social e por que é inviável para alguns estudantes?
O Fies Social é uma modalidade de financiamento do ensino superior direcionada a pessoas de baixíssima renda familiar, que ganham menos de meio salário mínimo per capita. Funciona como um ‘empréstimo’, cobrindo 100% dos encargos educacionais, desde que o aluno pague essa dívida depois de se formar. No entanto, existe um ‘teto’ muito baixo no financiamento, considerando os preços atuais das faculdades. Na medicina, por exemplo, o patamar máximo ‘emprestado’ pelo programa é de R$ 10 mil por mês, enquanto boa parte das instituições cobra mais de R$ 12 mil.
Um exemplo real da dificuldade financeira enfrentada pelos estudantes
Ana Silva, de 24 anos, é uma das 2,3 mil pessoas que se matricularam em medicina pelo Fies Social. Ela foi aprovada no segundo semestre de 2024, em uma instituição de ensino de Salvador, e precisa contar somente com a renda do marido, inferior a R$ 800. Como o curso é integral, ela precisa pagar R$ 10 mil em financiamento, mas as mensalidades da faculdade são de R$ 12.553,60. Isso significa que ela precisa pagar mensalmente R$ 2.553,60, além da dívida.
O impacto da reajustação das mensalidades na vida dos estudantes
Em 2025, a faculdade reajustou as mensalidades para R$ 14.037. Isso significa que Ana teria de pagar R$ 4.037 de coparticipação a cada mês, o que é inviável para ela. Ela solicitou o trancamento da vaga e a suspensão do contrato do Fies, pois não tem condições de continuar estudando.
A visão do governo sobre o Fies Social e a necessidade de revisão do ‘teto’
O Ministério da Educação optou por não se pronunciar sobre o assunto. Já o FNDE declarou que o teto é necessário para garantir a sustentabilidade do programa, evitando o superendividamento dos estudantes. No entanto, o Comitê Gestor do Fies está analisando uma possível revisão desse limite de R$ 10 mil, com o objetivo de alinhar o financiamento às necessidades dos estudantes. A expectativa é avaliar a proposta ainda no primeiro bimestre.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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