Aumenta crise na Segurança Pública de São Paulo com denúncias de violência policial e achaques contra integrantes do Primeiro Comando da Capital, envolvendo crime organizado, jogo e sorteio, dinheiro e lavagem de dinheiro, ilegalidade e força integrada de entidades.
A Operação Latus Actio II, deflagrada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), da Polícia Federal, em 12 de abril, resultou na prisão de um investigador e em buscas nas residências de um delegado e outro investigador da Polícia Civil. Além disso, a operação atingiu artistas e influenciadores digitais.
Entre os alvos da operação estão o MC Paiva, o MC Brisola e o GHdo 7, além de outros artistas e profissionais da área. A investigação, que teve início em 2019, visava combater o suborno e a corrupção em níveis de autoridades e artistas. O caso envolveu a Rifa de Jogo do Bicho e, posteriormente, um esquema de propina ligado a empresas de suborno. A investigação é sensacional e ainda está em curso, com novas revelações e prisões possíveis.
Suborno: A Base da Corrupção
A ação da Polícia Federal (PF) no estado de São Paulo continuou a desestabilizar a Segurança Pública, já sacudida por denúncias de violência exercidas por policiais militares e abusos cometidos por policiais civis contra integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). As provas recolhidas pelos federais indicam que os MCs teriam efetuado pagamentos de propinas de R$ 20 mil a R$ 100 mil a policiais civis como forma de vista grossa às rifas ilegais realizadas nas redes sociais. Atualmente, a realização de rifas é proibida pelo Ministério da Fazenda, pois configura-se como um jogo ilegal, sendo apenas o sorteio de entidades beneficentes autorizado pela Lei 5.768/1971. Os policiais civis também enviavam relatórios de investigação confidenciais a fim de proteger os criminosos, com o objetivo de pressioná-los para obter dinheiro. O Estadão não conseguiu entrar em contato com as defesas de policiais e MCs citados no inquérito da PF até as 20h de ontem. A Secretaria da Segurança Pública e a Polícia Civil disseram que acompanham o andamento das investigações.
O delegado Rodrigo Barros de Camargo, o Rato, do 6.º Distrito Policial de Santo André, na Grande São Paulo, teve a prisão decretada pelo suposto recebimento de propina para evitar ou interromper investigações relacionadas às rifas ilegais promovidas por artistas da Love Funk. Ele foi o alvo principal da Operação Latus Actio II. A nova ofensiva apura a ligação de artistas e empresários de funkeiros com a lavagem de dinheiro do PCC, sonegação de impostos, loterias ilegais e ocultação de patrimônio via compra de carros de luxo, fazendas, adegas e barras de ouro. De acordo com a Promotoria, Rato seria a peça central da ‘rede criminosa que demonstrou estrutura organizada, com divisão de tarefas, uso de empresas para movimentação de recursos e articulação entre empresários, artistas e agentes públicos, evidenciando a prática de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar’. Ele foi preso ontem.
Quatro promotores (Juliano Carvalho Atoji, Carlos Bruno Gaya da Costa, Fábio Ramazzini Bechara e Eduardo A. Velloso Roos Neto) subscreveram manifestação do Ministério Público apoiando os pedidos da PF na Operação Latus Actio II. Eles são integrantes do Gaeco, o Grupo de Combate ao Crime Organizado. O documento apresenta indícios de envolvimento de outro policial, Adriano Fernandes Bezerra, o Espanhol, parceiro de Rato no 6.º DP de Santo André. Segundo os promotores, os dois policiais foram mencionados em mensagens de WhatsApp como ‘articuladores da corrupção passiva para proteger os envolvidos nos crimes de contravenção penal e lavagem de dinheiro’. O delegado Alexandre Custódio Neto, diretor da FICCO, obteve ainda na Justiça o afastamento da função pública de Rato e dos outros dois policiais investigados: Espanhol e o delegado Gilmar Camargo Bessa, que os chefiava.
Os diálogos que levaram à abertura da ofensiva foram recuperados durante a primeira fase da Operação Latus Actio, em março. Como mostrou o Estadão, no celular de um dos investigados – o empresário Vitor Hugo, um dos líderes do esquema da Love Funk – foram encontrados mensagens que demonstram a organização do crime e a participação direta de policiais civis na lavagem de dinheiro. A investigação apurou que os criminosos usavam empresas de fachada para ocultar os recursos, que eram então utilizados para a compra de carros de luxo, fazendas, adegas e barras de ouro.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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