Saldo do Dia: Estagnação financeira rali às avessas, agenda eleitoreira vence o pacote de corte de gastos e fiscal.
A mudança de rumo: o governo anunciou um novo pacote de corte de gastos, com a previsão de economizar R$ 70 bilhões no orçamento. O objetivo é reduzir a despesa pública e garantir uma menor expansão da dívida pública, impactando diretamente no Ibovespa, índice que mede o desempenho das ações das principais empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo.
Para alcançar tal meta, o governo irá reorganizar o quadro funcional dos ministérios, com a intenção de reduzir a quantidade de cargos e, consequentemente, os gastos com pessoal. Além disso, a correção do salário mínimo, que é calculada com base na inflação, será limitada a 2,5% em 2024, segundo o Ministério da Economia, influenciando fortemente o Ibovespa. Com essas medidas, o governo busca sanar a superávit primário em 2024.
Efeitos da Agenda Eleitoreira no Ibovespa
A agenda eleitoreira do governo brasileiro tem impulsionado os negócios em um cenário de incerteza. Os investidores estão cada vez mais cautelosos, pois a perspectiva de reforma da renda ainda está no caminho do pacote de ações do governo. Em vez disso, a atenção se concentra nas propostas de ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) e nos planos de aumento do Bolsa Família e BPC.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, viu sua agenda fiscal sendo adiada em favor de uma abordagem mais eleitoreira. Isso gerou uma reação negativa no mercado financeiro, que esperava um pacote de corte mais aprofundado. Em vez disso, as medidas apresentadas pareciam inconsistentes para o controle das contas públicas, o que deve acelerar a inflação e exigir apertos mais fortes na Selic.
A reação do mercado financeiro foi imediata, com o Ibovespa caindo 2,4% em uma única sessão, o maior tombo diário desde 2023. O índice encerrou a sessão em 124.610 pontos, seu nível mais baixo em cinco meses. O dólar comercial, por outro lado, atingiu sua máxima histórica de fechamento, renovando seu recorde de valorização ante o real.
A única exceção foi o setor de exportação, que conseguiu sair ileso da queda. Empresas como JBS, Suzano e Klabin mantiveram suas altas, enquanto outras se viram afetadas pelo risco. No entanto, mesmo sem a força dos investidores estrangeiros, o giro financeiro do Ibovespa foi sustentado, com R$ 20,4 bilhões em movimentação, 24% acima da média diária.
Os economistas atribuem a queda ao Ibovespa à falta de um pacote de corte eficaz, que poderia ter controlado as contas públicas e evitado apertos na Selic. Com as medidas apresentadas, o governo não conseguiu convencer os investidores de que está comprometido em controlar a inflação. Como resultado, o mercado financeiro está reagindo, e o Ibovespa está sofrendo as consequências.
A situação é crítica, e os investidores estão começando a trabalhar com taxas de juros mais altas, até 14% em alguns casos. Isso reflete as expectativas de apertos mais fortes na Selic e de uma inflação mais alta. A curva de juros está empinando, e as taxas de juros estão subindo. É hora de dar atenção ao Ibovespa e analisar as consequências da agenda eleitoreira do governo brasileiro.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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