Iniciativa monitora denúncias de violência política e de gênero, utilizando inteligência e recursos para coletar dados concretos e promover saúde mental no contexto eleitoral.
O programa Sentinela LGBT+, uma iniciativa da organização não governamental (ONG) VoteLGBT, está disponível para apoiar as pessoas candidatas LGBT+ que enfrentam violência nas eleições municipais de 2024, marcadas para outubro. Esse programa visa fornecer um suporte essencial para aqueles que sofrem com a violência e buscam uma representação justa no cenário político.
Com o objetivo de combater a agressão e a discriminação que muitas vezes acompanham as campanhas eleitorais, o Sentinela LGBT+ oferece um espaço seguro para que as pessoas candidatas LGBT+ possam denunciar e relatar incidentes de violência. Além disso, o programa também busca promover a conscientização sobre a importância da diversidade e da inclusão no processo eleitoral, garantindo que todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas. A segurança e o bem-estar das pessoas candidatas são prioridades absolutas.
Combate à Violência Política e de Gênero
A Sentinela, uma ferramenta de monitoramento de violência política e de gênero, foi desenvolvida para acompanhar permanentemente as denúncias de agressão e ameaça contra parlamentares LGBT+ no Brasil. Em caso de violência online, é recomendado fazer um print da tela e enviar a imagem para um número de Whatsapp. A Sentinela utiliza recursos de inteligência artificial para analisar os materiais e categorizar a violência, incluindo ameaças de morte, estupro corretivo, LGBTFobia e discurso de ódio, a fim de organizar as informações e fornecer dados agrupados.
Os dados sobre os ataques sofridos durante as eleições serão utilizados para alimentar um relatório sobre violência política LGBTfóbica, que analisará tanto o perfil das vítimas quanto das agressões. Além disso, o programa conta com profissionais de saúde mental que fornecerão atendimento gratuito às vítimas de violência política. Com uma equipe composta por profissionais da Clínica LGBT+ com Local, estão previstos 600 atendimentos gratuitos e sigilosos.
Fortalecimento da Democracia e Participação Política
‘Nossa proposta é usar essa nova tecnologia a favor do fortalecimento da democracia, do Estado democrático e da participação política de qualquer pessoa’, destaca Gui Mohallem, da direção do VoteLGBT. ‘A partir de dados concretos, poderemos avaliar a necessidade de políticas públicas de proteção a essas lideranças que vêm ocupando cada vez mais os espaços de tomada de decisão.’ Este ano, mais de 3000 candidaturas se declararam publicamente como LGBT+, um momento histórico.
Violência Política e Eleitoral no Brasil
A ausência de dados é o maior entrave para monitorar a violência política e eleitoral contra as lideranças LGBT+, mas a segunda edição da pesquisa Violência Política e Eleitoral no Brasil revela que nos dois meses que antecederam o primeiro turno das eleições em 2022, o número de episódios de violência política quase se igualou à quantidade de casos registrados nos primeiros sete meses do ano. A pesquisa foi feita pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global, e encontrou 542 episódios ilustrativos desse tipo de violência, que tiveram como vítimas 497 pessoas.
‘É importante chamar atenção para o fato de que a LGBTfobia foi equiparada aos crimes de racismo previstos na Lei nº 7.716 de 2012 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em julgamento conjunto da ADO nº 26 e MI nº 4733’, diz a VotelGBT. ‘Além disso, o Brasil é signatário de uma série de tratados internacionais que são contrários a qualquer tipo de discriminação pautada na orientação sexual, identidade de gênero e expressão de gênero.’
Dados e Ações do VoteLGBT
Informações da VoteLGBT, reunindo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da própria organização, apontam para mais de 3 mil candidaturas declaradamente LGBT+, sendo 20,3% de pessoas trans. Há 10 anos o VoteLGBT desenvolve uma ampla gama de ações, desde pesquisa, geração de dados, apoio a lideranças e mobilização do eleitorado, com o objetivo de combater a violência política e de gênero e promover a igualdade e a justiça social.
Fonte: @ Agencia Brasil
Comentários sobre este artigo