MEC criou a Escola Nacional Negro Bispo de saberes tradicionais indígenas, afro-brasileiros e quilombolas, com foco em educação intercultural indígena-quilombola antirracista e Equidade para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola.
O Ministério da Educação do Brasil e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) desenvolveram um projeto conjunto que visa promover a inclusão e a valorização da diversidade cultural dos povos indígenas e quilombolas. Este projeto foi desenvolvido em um seminário no qual diversas representantes da comunidade participaram, refletindo sobre a importância da educação em promover a igualdade racial e combater as formas de discriminação e exclusão social.
Apesar da grande importância da educação para a formação de uma sociedade mais justa e igualitária, nenhuma informação disponível até o momento indica que o setor educacional tenha tido uma participação significativa no processo de reconhecimento e valorização dos direitos desses grupos. Alguns especialistas argumentam que essa falta de participação pode ser atribuída à falta de recursos e conhecimento sobre o tema, mas outros apontam a resistência à mudança e a preconceito.
Reunião de Comunidades Indígenas e Quilombolas para Debater Políticas de Educação
No dia 12 de maio de 2024, o Ministério da Educação (MEC) sediou um seminário que reuniu representantes de comunidades quilombolas e indígenas, acadêmicos, movimentos sociais e parlamentares. O objetivo era ampliar o debate sobre os avanços e desafios das políticas de educação intercultural e antirracista. Nenhuma informação disponível sobre a presença de representantes de outras comunidades.
A proposta do seminário foi intercambiar experiências pedagógicas entre ativistas, lideranças comunitárias, professores e gestores do curso de pós-graduação lato sensu em educação intercultural indígena-quilombola antirracista oferecido pelo Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) no Campus Garanhuns. A primeira turma recebeu o nome do mestre de saberes Nêgo Bispo de Saco do Curtume, em homenagem à sua contribuição enquanto educador, lavrador e poeta contracolonial, que atuou como docente do componente curricular Saberes Indígenas e Quilombolas e Decolonialidade.
O seminário coincidiu com a criação da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (Pneerq), do MEC. A Pneerq visa enfrentar as desigualdades étnico-raciais e valorizar as políticas educacionais para a população quilombola, prevendo a inclusão das saberes tradicionais, indígenas, afro-brasileiros, e quilombolas na Educação Escolar Quilombola.
A secretária da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), Zara Figueiredo, destacou a importância do seminário e de receber no MEC a comunidade quilombola e indígena. Segundo Figueiredo, o governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, está retomando as ações de inclusão dessa parte da população, que, durante muito tempo, foi excluída e invisibilizada pela sociedade.
‘Quando eu vejo o desenho do evento dentro da logomarca da Pneerq, fico muito orgulhosa. Não é orgulho do MEC, mas orgulho do governo respondendo a algo que, durante todo esse tempo, ficou sem responder. A gente está tentando, com muita rapidez, retomar aquilo que ficou para trás. É um orgulho saber que a gente está dando conta de construir isso junto com vocês’, ressaltou a secretária.
Ela afirmou que a memória do quilombola Nêgo Bispo e sua história não serão esquecidas, pois a Secadi vai criar a Escola Nacional Negro Bispo de saberes tradicionais indígenas, afro-brasileiros e quilombolas, em institutos federais e espaços organizados pelas universidades. ‘Este é um momento de cultivar, de olhar para essa memória afetiva, essa memória ancestral, essa memória do que nos constrói, que é a nossa identidade. Os mestres e mestras terão as suas bolsas como professores de mestrado e doutorado. A Escola Negro Bispo vai chegar aos institutos, porque eles são capilarizados e alcançam as regiões que as universidades não alcançam. Então, os institutos federais e as universidades podem participar do edital da Escola Nacional. Uma das contrapartidas é exatamente poder ofertar espaços a que a universidade não chega. Precisamos ocupar todos os espaços, e a Escola Nacional Negro Bispo também é uma forma institucionalizada de que os seus filhos nunca o esqueçam, porque, como ele mesmo dizia, ‘tudo é sempre começo, meio e começo’’, informou.
Para suprir a demanda que este curso de pós-graduação lato sensu em educação intercultural indígena-quilombola antirracista deixou sem resposta, o MEC, com a Secadi, planeja criar a Escola Nacional Negro Bispo, que se tornará uma referência para a formação de novos educadores em todas as regiões do Brasil, garantindo a continuidade dos saberes tradicionais, indígenas, afro-brasileiros, e quilombolas na Educação Escolar Quilombola.
Fonte: © MEC GOV.br
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