O índice de fundos imobiliários acumula perdas de 3,7% em dezembro, afetado pela taxa básica de juros Selic e desempenho econômico, impactando cotação de fundos.
Os investimentos em fundos imobiliários têm sido afetados pela incerteza econômica, atingindo o menor patamar do Índice de Referência dos Fundos Imobiliários (Ifix) desde maio do ano passado, abaixo dos 3 mil pontos, após encerrar a sessão em queda de quase 2%. Em meio a essas perdas, os fundos de fundos imobiliários têm sido explorados como uma alternativa para diversificar portfólios.
Nesse contexto, a categoria dos fundos de papel tem ganhado destaque entre os investidores, principalmente aqueles que buscam uma menor exposição aos riscos imobiliários. Além disso, a compra de recebíveis imobiliários também tem sido uma estratégia popular, pois oferece a possibilidade de investir em ativos fixos e_receive rendimentos mensais. Por outro lado, os fundos-tijolo, que investem diretamente em projetos imobiliários em construção, têm sido afetados pela volatilidade do mercado e pela incerteza sobre os prazos de entrega e a liquidez dos ativos. Nesse cenário, os investidores precisam estar atentos às opções que melhor se ajustam às suas necessidades de risco e retorno, senão o I fix pode continuar em queda.
Volatilidade de Fundos Imobiliários: Desafios e Perspectivas
Nessa semana, o Ifix apresentou uma recuperação de 2% em uma tentativa de recuperar o rumo após dias de queda, alcançando os 3 mil pontos. No entanto, o desempenho mensal ainda é negativo, com perdas de 3,7%. Se não considerarmos a recuperação de hoje, a desvalorização de dezembro seria de mais de 5%. É o terceiro mês consecutivo com perdas para o índice. Em setembro, outubro e novembro, o Ifix acumulou uma queda de 7,75%, e até aqui, dezembro segue essa tendência. Em um ano, o índice apresenta uma perda de quase 9%.
A comparação com o Ibovespa, o principal indicador das ações na bolsa, mostra que o Ifx está com uma desvalorização de 5,75%. O movimento negativo nos últimos dias e meses está relacionado à elevação da taxa básica de juros, a Selic, e à perspectiva de que os juros permanecerão elevados por um período mais longo do que se esperava. Há uma mudança rápida nas projeções para a Selic, motivada pela escalada do risco fiscal, pela força da atividade econômica e pelo aumento nas estimativas de inflação. Atualmente, as expectativas para a Selic no próximo ano estão entre 13% e 14%, e não há descartes para que ela atinja 15%.
Juros mais altos por mais tempo afetam diretamente o valor das cotas dos fundos imobiliários, pois a relação entre os dois é inversamente proporcional. Em outras palavras, se a Selic estiver alta, os fundos tendem a cair, e se a Selic cair, os fundos tendem a se valorizar. É por isso que os fundos imobiliários têm apresentado perdas em 2023. Os fundos de ‘tijolo’, que investem em imóveis, como shoppings, lajes corporativas e galpões logísticos, são os mais penalizados. O segmento de lajes corporativas perdeu 14,3% no ano, enquanto o de Fundos de Fundos (FoFs) recuou 10,7%. O segmento de shoppings perdeu 10,1%, e o de galpões logísticos perdeu 8,8%. Mesmo o setor de recebíveis imobiliários, que investe em títulos de dívida do setor imobiliário e tem uma pegada de renda fixa, apresentou perdas. Os fundos de ‘papel’, em menor intensidade, perdem 2,09%.
O cenário para os fundos imobiliários não melhora no curto prazo. Seria necessário uma redução significativa nos juros para que as cotas dos fundos voltem a se valorizar, o que está longe de acontecer nos próximos meses. ‘A queda generalizada do preço das cotas dos fundos imobiliários está aumentando o risco’, explica Carolina Borges, analista da EQI Research. ‘A ideia é que os juros mais altos possam impactar as atividades das empresas, resultando em uma redução dos aluguéis, aumento da vacância e queda nos rendimentos dos fundos’.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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