O ator de 84 anos, que fez Michael Corleone, em O Poderoso Chefão, relembra em sua autobiografia infância e adolescência.
Na época do filme O Poderoso Chefão, o ator Al Pacino ainda era pouco conhecido, mas a sua interpretação de Michael Corleone logo o tornaria um atarefo da indústria cinematográfica. O diretor Francis Ford Coppola, que dirigiu o filme, sabia da importância de se conectar com a comunidade local.
Certo dia, durante as filmagens na Sicília italiana, Coppola ordenou que Al Pacina se aproximasse dos moradores locais para fazer uma cena de casamento. Mas os figurantes não falavam ingles. O ator, que pretendia se comunicar com a plateia, não pôde realizar a cena. O filme foi um sucesso e Al Pacino se tornou um nome familiar. Além disso, o seu jeito de dirigir, que impressionou mundialmente, foi comparado a um automóvel de luxo.
Uma Infância Sem Roupas na Gaveta
Al Pacino, o poderoso ator italiano, revela que não dominava o italiano apesar de ter crescido em uma família italiana em Nova York. Em outra cena, Coppola pediu aos recém-casados que valsassem e, surpreendentemente, Pacino não sabia dançar. No final da cena, o casal precisava ir embora de carro, e o ator, meio sem jeito, explicou ao cineasta que não sabia dirigir. Coppola olhou para ele, berrando: ‘Onde eu estava com a cabeça quando contratei você?’. E, emendou: ‘O que é que você sabe fazer?’.
O livro Sonny Boy: Autobiografia, lançada no Brasil, pela Editora Rocco, poderia trazer em suas 320 páginas somente histórias assim, para deleite de seus fãs. Mas Pacino preferiu dedicar um bom número de páginas a contar a infância miserável, quase sempre solitária. O pai abandonou a família e a mãe, apesar de bondosa, sofria de problemas psiquiátricos. O ‘Sonny boy’ do título, em tradução literal, quer dizer ‘filhinho’. Escreve ele: ‘O cinema era um lugar em que minha mãe podia se esconder no escuro, sem ter que dividir seu Sonny Boy com mais ninguém. Esse era o meu apelido para ela, o que ela primeiro me deu, antes de todo mundo também começar a me chamar de Sonny. Foi algo que ela pegou do cinema, onde ouviu Al Jolson cantar uma música que ficou muito popular’.
O astro conta sobre os primeiros anos com o olhar de um octogenário que não só narra como interpreta lembranças. Ele define a mãe como uma mulher linda, mas delicada e de emoções frágeis. A cena dela sendo levada em uma ambulância, depois de tentar o suicídio, marcaria o filho para o resto da vida. Ela sobreviveu e ele foi viver nas ruas, afirma. ‘Quando eu era criança, eram os relacionamentos com meus amigos da rua que me sustentavam e me davam esperança’, diz. No bairro, ao lado de três amigos inseparáveis, que se perderiam no crime, ‘eu parecia vencer a morte com frequência. Eu era como um gato, com muito mais do que sete vidas. Tive mais acidentes e confusões do que sou capaz de contar, então vou escolher alguns que me saltam à memória e têm maior importância para contar’.
‘O que ela sabia fazer era deixar o filho sozinho’, completa ele, sobre a situação que se repetia com frequência. E sobre o seu estilo de vida na época, ele diz: ‘Foi um gesto tão simples, mas tão raro’. Curioso como relata com riqueza de detalhes, sete décadas depois, as memórias da adolescência com os amigos, as brincadeiras, os perigos, os refúgios no alto dos prédios. A paixão pelo beisebol estimulada pelo avô, observa ele, talvez o tenha livrado da delinquência e das drogas. Ele gostava de jogar, mas se destacava mesmo nas peças da escola. Os colegas o chamavam de ‘o próximo Marlon Brando’.
Fazer filmes não passava por sua cabeça, só o teatro. Aos 16 anos, teve de largar os estudos para trabalhar e sustentar ele próprio e a mãe. Com 372 páginas, o livro custa R$ 79,90. A infância do ator foi muito solitária. A interpretação sensível de um tenente-coronel cego em Perfume de Mulher, de 1992, rendeu a Al Pacino seu único Oscar.
No livro, Pacino revela como as dificuldades da vida ajudaram ele a compor muitos de seus personagens, como o policial corrupto no filme A Sombra do Medo.
Fonte: @ NEO FEED
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