Retirada de dinheiro antes do prazo de vencimento de tesouro prefixado disparou 22% em relação a 2023, representando baixo risco e certeza de rendimento.
O mercado de tesouros do Brasil tem apresentado uma tendência de aumento no volume de resgates de investimentos nos últimos anos. Em especial, a retirada de dinheiro antes do prazo de vencimento dos contratos no Tesouro Direto voltou a crescer em 2024. A alta de 22% em relação ao ano anterior é considerada significativa, refletindo uma mudança nos hábitos de investimento dos brasileiros.
É preciso notar que a alta de 22% em relação a 2023 se destaca como a maior variação anual desde 2019, quando houve um aumento de 43,3%. Isso significa que os investidores estão começando a buscar opções mais seguras e mais rentáveis, o que pode levar a uma redução no volume investido em produtos de longo prazo. Além disso, a alta de 22% também pode ser um sinal de que os investidores estão começando a ver o Tesouro Direto como uma opção mais atraente, o que pode levar a uma maior demanda por esse tipo de investimento.
Resgates do Tesouro Direto: o que está por trás da baixa nos rendimentos
Os números do Ministério da Fazenda, disponíveis no Portal de Dados Abertos, revelam que os títulos do Tesouro Prefixados foram os mais afetados pela baixa em 2024, com uma queda de 39,1%. Isso se deve, em grande parte, ao medo de que as taxas de juros atuais oferecidas pelo Tesouro Prefixado possam ser inferiores à taxa básica de juros em um futuro próximo, o que não seria favorável aos investidores.
Seguindo a tendência, o Tesouro IPCA+ também sofreu uma baixa significativa, com uma perda de 22,1% em um ano. Além disso, o Tesouro Selic também foi afetado, com uma queda de 20,3%. O dia com mais resgate do Tesouro Prefixado 2025 ocorreu em 30 de outubro de 2024, quando investidores retiraram quase R$ 25 milhões do certificado de depósito bancário.
Ao mesmo tempo, os retornos da modalidade do Tesouro Prefixado, que hoje pagam quase 16%, ainda se aproximavam dos 13% em novembro de 2024. Nesse contexto, as mesmas dúvidas em relação ao futuro das contas públicas e do desempenho das economias nos Estados Unidos que jogam projeções de inflação e juros para cima no Brasil continuam a afetar as expectativas dos investidores.
O Tesouro Direto, como investimento ligado ao governo, sofre diretamente com esses fatores. Os recursos obtidos com o Tesouro Direto são utilizados para contribuir com o pagamento da dívida pública federal. A cautela com os títulos públicos prefixados é justificada, pois as taxas de juros que eles oferecem podem não ser suficientemente atraentes para os investidores em um futuro com juros mais altos.
Alguns especialistas acreditam que os investidores podem ter trocado os rendimentos do programa por outros ativos da renda fixa, como um certificado de depósito bancário de bancos, por exemplo. Isso ocorre, especialmente se o emissor oferecer mais do que o patamar atual dos prefixados, que hoje se encontra em torno dos 15% ao ano.
Já o caso do Tesouro IPCA+ pode ser explicado pela baixa que a modalidade acumula em 12 meses. Em dezembro de 2023, o papel com vencimento em 2045 encerrou o período com prejuízo de mais de 20%. Outra hipótese é que os retornos em disparada levaram a um rendimento interessante para os investidores ao longo do tempo, justificando a retirada do dinheiro antes do vencimento para reinvestir.
Nesse sentido, a avaliação do economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, é que os investidores que optaram por ativos de baixo risco são os que menos sofreram perdas agora. Como ele afirma, se foi um ano difícil para um investimento tão seguro como o Tesouro, imagina para outras opções mais arriscadas.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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