Documentos foram tirados do contexto e citados de forma enganosa sobre saúde mental, uso compulsivo e algoritmo de recomendação, controle parental e rádio pública.
Documentos internos do TikTok revelados recentemente mostram que as equipes da plataforma estavam cientes dos efeitos negativos do uso excessivo do TikTok em jovens usuários, mas optaram por não tomar medidas mais drásticas para evitar uma possível perda de usuários. Essa decisão pode ter contribuído para a dependência digital de muitos usuários.
A revelação desses documentos internos levanta questões sobre a responsabilidade da rede social em proteger a saúde mental e o bem-estar de seus usuários, especialmente os mais jovens. A plataforma do TikTok é uma das mais populares entre os adolescentes e jovens adultos, e é importante que as equipes do TikTok tomem medidas para garantir que o uso da plataforma seja seguro e saudável para todos os usuários. A transparência é fundamental nesse processo.
Proteção aos Menores no TikTok
A empresa do TikTok destaca que implementou medidas de proteção aos menores em sua plataforma, uma rede social popular entre os jovens. No entanto, documentos recentemente divulgados revelam que a empresa estava ciente dos riscos associados ao uso compulsivo da plataforma e ao impacto negativo na saúde mental dos usuários jovens.
Os documentos foram mencionados na citação judicial emitida pelo promotor de Kentucky, juntamente com outros 12 estados dos EUA e pelo promotor de Washington D.C., acusando o TikTok de prejudicar a saúde mental de seus usuários jovens. A Rádio Estadual de Kentucky reconstruiu as comunicações antes que um juiz estadual ordenasse que os documentos fossem removidos dos registros públicos.
O Poder do Algoritmo de Recomendação
Os documentos mostram que o TikTok estava ciente do poder de atração de sua plataforma e de seu algoritmo de recomendação, que oferece vídeos em cadeia. ‘Precisamos estar cientes’ das consequências que o algoritmo pode ter no ‘sono, na nutrição, na movimentação pelo quarto ou no olhar alguém nos olhos’, escreveu um executivo da empresa. Em outro documento interno, o TikTok avaliou que um usuário pode ‘ficar viciado’ a partir de 260 vídeos visualizados.
O uso compulsivo do TikTok está ligado a uma série de efeitos negativos na saúde mental, como a perda da capacidade analítica e também prejudica ‘a formação da memória, a capacidade de contextualizar, conversar e ter empatia’, concluem os investigadores da própria empresa, conforme os documentos. O uso frequente da rede social também gera ‘um aumento da ansiedade’, segundo a mesma fonte.
Medidas de Controle Parental
O TikTok acrescentou uma série de funções para limitar o uso da plataforma por usuários mais jovens, como o controle parental e a interrupção após uma hora de uso. No entanto, segundo os documentos, a filial chinesa ByteDance não tentou melhorar esta ferramenta, embora tivesse ciência da sua eficácia limitada. ‘Nosso objetivo não é reduzir o tempo gasto’ na plataforma, escreveu um gerente de projeto do TikTok.
A empresa do TikTok reagiu às revelações, afirmando que ‘é muito irresponsável que (a rádio pública) tenha publicado informações protegidas por lei’. A empresa enfrenta um processo nos EUA por morte de uma menina de 10 anos após um desafio na rede social.
Fonte: © G1 – Tecnologia
Comentários sobre este artigo