Crianças e adolescentes são cooptados em redes sociais para promover cursos online de marketing de afiliados da Kiwify e da Cakto, levantando suspeitas de exploração e trabalho infantil.
A ascensão de jovens influenciadores nas redes sociais é marcada por relatos de uma vida de luxo, com supostos trabalhos realizados na internet. Esses relatos, muitas vezes, consistem em vídeos que mostram a rotina de seus perfis nas redes, onde eles dizem conquistar milhares de reais por mês com trabalho reduzido.
Alguns deles, no entanto, acabam revelando a verdadeira natureza dessa ‘riqueza’, quando são questionados por fãs. É o caso de Ramon TikTok, um influenciador que se tornou famoso por suas ‘declarações de riqueza’, mas que, ao ser questionado, acabou confessando que o seu trabalho não era tão lucrativo quanto parecia. Ele acabou revelando que, além de fazer trabalho na internet, também vinha explorando a exploração de menores para realizar trabalhos na exploração infantil.
Exposição de Adolescentes a Trabalho Infantil em Redes Sociais
Na era digital, jovens talentos emergem em redes sociais com histórias de sucesso financeiro, desafiando a realidade de muitos. Mas, por trás dessas narrativas, há uma preocupante realidade: a exploração de trabalho infantil on-line.
O trabalho infantil em si é uma questão delicada, pois envolve a exploração de menores em atividades remuneradas. O trabalho infantil on-line pode ocorrer quando adolescentes são usados para promover produtos ou serviços, muitas vezes de forma inadequada, em plataformas como redes sociais. Nesse contexto, ganhar dinheiro com a participação em vendas de cursos, por exemplo, pode ser um meio de obtenção de renda, mas quando envolve menores de idade, o cenário muda.
Os adolescentes envolvidos nessas redes sociais, em muitos casos, podem estar submetidos a práticas que atentam contra a sua saúde mental e física, além de serem explorados por indivíduos que visam lucrar com as suas habilidades. Eles são instruídos a promover produtos e serviços, muitas vezes sem a devida compreensão dos riscos envolvidos.
Além disso, a criação e venda de cursos online, como os mencionados, podem ser usados para explorar os adolescentes. Esses cursos prometem ensinar a ganhar dinheiro com a participação em vendas desses mesmos cursos, o que pode ser uma fachada para estelionato. Com isso, adolescentes podem ser usados para vender esses cursos, gerando lucro para os criadores.
O mercado de afiliados online é um campo amplo onde indivíduos podem criar e vender conteúdo, mas quando envolve menores de idade, é preciso ter cuidado. O uso de plataformas como Kiwify e Cakto para hospedar esses cursos pode ser um meio de distribuição, mas a falta de supervisão pode levar a abusos.
O g1 identificou ao menos 33 perfis ativos em redes sociais, onde adolescentes compartilham vídeos promovendo a ideia de ganhar dinheiro de forma fácil, mas sem revelar a fonte da riqueza. Eles pedem que os interessados procurem mais informações em mensagens privadas ou acessem links.
O que é marketing de afiliados? É uma estratégia de vendas que envolve a criação e disponibilização de cursos ou produtos em plataformas específicas, onde outras pessoas podem divulgar esses conteúdos e ganhar uma porcentagem sobre a venda. Os cursos mencionados têm nomes sugestivos, como ‘O Tesouro do Tráfego Orgânico’ e ‘Acelerador de Resultados’, e são ministrados por outras pessoas que não os próprios influencers.
O preço desses cursos varia, mas pode chegar a R$ 200. Com isso, os adolescentes podem ser pressionados a vender de 250 a 5 mil desses cursos para obter um faturamento de R$ 50 mil. Isso pode ser uma forma de fraude, e os adolescentes podem estar sendo explorados para ganhar dinheiro.
Advogados especializados em direito da criança e do adolescente analisaram essas postagens e concluíram que podem ser casos de trabalho infantil on-line. Além disso, a legislação brasileira define o estelionato como a tentativa de obter vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.
Fonte: © G1 – Tecnologia
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