Repubicanos e celebridades porto-riquenhas, como Ricky Martin e Bad Bunny, se irritaram com ofensas racistas de comediante convidado pelo ex-presidente, que chamou o território americano de “ilha de lixo”, lembrando o furacão Maria e a comunidade latina de Milwaukee.
Donald Trump sonhava em transformar o Madison Square Garden em um local icônico para sua campanha, buscando reviver a atmosfera carismática que o catapultou para a candidatura republicana em julho, durante a convenção em Milwaukee. Trump estava determinado a criar um evento inesquecível no lendário estádio novaiorquino.
Como ex-presidente dos Estados Unidos, Trump sabia que precisava fazer uma declaração de impacto para reforçar sua posição como candidato. Ele queria que o Madison Square Garden fosse o palco para um discurso que lembrasse sua ascensão ao poder, quando foi eleito presidente em 2016. A campanha de Trump estava em alta e ele estava determinado a manter o momentum.
Trump e a Maré Vermelha de Racismo
O discurso de uma hora e 20 minutos do ex-presidente Trump foi ofuscado por um de seus convidados, o comediante e podcaster Tony Hinchcliffe, que aquecia a plateia no Madison Square Garden com um bombardeio de estereótipos racistas e xenófobos. Hinchcliffe descreveu Porto Rico, lar de 3,2 milhões de cidadãos americanos, como ‘uma ilha de lixo flutuante’, zombou dos hispânicos, ‘que adoram fazer bebês’, dos judeus, que são mesquinhos, e dos palestinos, que gostam de atirar pedras.
Essas declarações foram um presente para a campanha de Kamala Harris, que estava na Pensilvânia, onde residem meio milhão de porto-riquenhos e tornou-se o mais decisivo dos sete estados-pêndulos. A vice-presidente dos EUA havia visitado redutos da comunidade em Filadélfia, anunciou uma força-tarefa e incentivos para Porto Rico e criticou o adversário pela má gestão dos estragos causados pelo furacão Maria, em 2017, que deixou três mil mortos.
A Reação Negativa
Celebridades porto-riquenhas reagiram com fúria enquanto Trump discursava na arena do Madison Square Garden. O cantor Ricky Martin, com 18 milhões de seguidores, escreveu: ‘É isso que eles pensam de nós. Vote em @kamalaharris.’ O rapper Bad Bunny compartilhou um vídeo de Kamala para seus 45 milhões de seguidores, em que ela criticava a atuação de Trump durante o furacão, seguido por Jennifer Lopez e Luis Fonsi.
A reação negativa veio também de líderes republicanos, especialmente os vinculados à comunidade latina, que tentaram reparar o estrago do comediante. O senador Rick Scott disse que a ‘piada’ de Hinchcliffe fracassou por um motivo. ‘Não é verdade, não é engraçada. Os porto-riquenhos são pessoas incríveis e americanos incríveis.’ A congressista Maria Salazar, da Flórida, se declarou enojada: ‘Essa retórica não reflete os valores do Partido Republicano. Porto Rico enviou mais de 48.000 soldados para o Vietnã, com mais de 345 Purple Hearts concedidos. Essa bravura merece respeito. Eduque-se!’
A Convenção de Milwaukee
Outros oradores no Madison Square Garden reforçaram a retórica de ofensas misóginas e racistas contra Kamala Harris, chamada de anticristo e comparada a uma prostituta. O apresentador de extrema direita Tucker Carlson inventou uma identidade racial para a candidata, chamando-a de ‘a primeira ex-promotora da Califórnia samoana-malaia e de baixo QI a ser candidata à presidência’. Essas declarações foram um reflexo da maré vermelha de racismo que inundou o território democrata de raízes profundas.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
Comentários sobre este artigo